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Europa

Desemprego na Espanha chega a 27,1% e supera 6 milhões de pessoas pela 1ª vez

25 abr 2013 - 10h31
(atualizado às 10h33)
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Em meio a crise econômica que afeta a Espanha desde 2008, o número de desempregados no país superou pela primeira vez a marca de 6 milhões de pessoas e chegou a 27,16% da população ativa.

Após somar 237,4 mil pessoas no primeiro trimestre de 2013, o número de desempregados na Espanha alcançou a marca de 6,2 milhões, segundo os dados da pesquisa de População Ativa (EPA), publicados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

O grupo mais afetado é o dos jovens menores de 25 anos, faixa etária em que o desemprego chegou a 57,22% no primeiro trimestre do ano, com 960,4 mil jovens sem trabalho.

Na seqüência aparecem os estrangeiros, coletivo em que o desemprego chegou a 39,21% e passou a afetar 1.3 milhões de pessoas. A falta de emprego entre os emigrantes vem causando o retorno de muitos deles aos seus países de origem e alguns, como os equatorianos, já contam com planos de retorno organizados pelo governo de seu país.

O número de pessoas desempregadas há mais de um ano também se mostrou maior no mesmo período citado e passou afetar 2,9 milhões de pessoas, 111.2 mil a mais do que o registrado no quarto trimestre de 2012.

A falta de emprego no país também se reflete no número de famílias em que todos seus membros estão desempregados, um setor que afeta diretamente 1.9 milhões de pessoas, 3,93% a mais do que o registrado no quarto trimestre do último ano.

A pesquisa de População Ativa também apontou que 322,3 mil pessoas ficaram desempregadas entre janeiro e março, até situar o número de ocupados em 16,6 milhões e a taxa de atividade em 59,68%.

Em um ano, segundo os dados da EPA, o número de desempregados aumentou em 563,2 mil pessoas, enquanto o número de pessoas ocupadas caiu em 798,5 mil.

A diminuição da população ativa também acarreta em um menor número de contribuintes à Seguridade Social, que na Espanha cobre os subsídios por desemprego, previdência e outras prestações sociais.

Entre os homens, o desemprego aumentou em 130,4 mil no trimestre e se situou em 3,3 milhões, enquanto entre as mulheres subiu 107 mil no mesmo período e somou 2,89 milhões.

Entre os setores, o de serviços foi o que registrou o maior número de desempregados, com 1,82 milhão, e foi no qual o desemprego subiu mais, seguido da construção, da indústria e da agricultura.

O setor público perdeu mais emprego que o privado. Em um ano, o setor público perdeu 258,3 postos de trabalho, 8,32%, contra 3,77% da empresa privada.

O desemprego é a face mais dramática da crise econômica que a Espanha vive desde 2008, com a economia em recessão e fortes medidas de ajuste adotadas pelo Governo para reduzir o déficit público.

No último ano, o Executivo de Mariano Rajoy aprovou uma reforma laboral para tentar fomentar a criação de emprego, embora não tenha apresentado resultados significativos até o momento.

Nesta sexta-feira, o governo deve dar o sinal verde às novas previsões econômicas, depois que esta semana o Banco da Espanha publicasse que a economia do país retrocedeu 0,5% no primeiro trimestre, contra 0,8% registrado no último trimestre de 2012.

Além disso, o governo espanhol também deverá aprovar o Plano Nacional de reformas e o Programa de Estabilidade que o país enviará a Bruxelas.

O vice-presidente da Comissão Europeia (CE) e comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, afirmou hoje que são "inaceitáveis" os dados de desemprego divulgados na Espanha e, por isso, defendeu políticas de emprego mais ativas.

O governo espanhol reconheceu que os dados são justificados pela "profundidade e a duração da recessão", mas destacou que as taxas de emprego vêm caindo em menor ritmo e considerou "que esta mudança de tendência" pode indicar um "novo caminho".

O partido PSOE, o principal da oposição, qualificou os dados da EPA como "péssima notícia" e ressaltou que "há seis milhões de razões" para exigir a retirada da "nefasta" reforma laboral do governo.

O sindicato Comissões Operárias pediu um "grande pacto nacional pelo emprego" para enfrentar a "emergência nacional do desemprego", enquanto a União Geral de Trabalhadores (UGT) avaliou os dados como "péssimos" e também defendeu um grande pacto "pelo emprego e pela recuperação do país".

EFE   
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