Debate sobre a proibição do véu integral se amplia na Espanha
O debate sobre a proibição ou não do véu islâmico integral se amplia por toda a Espanha, principalmente na Catalunha (nordeste), onde se sucedem as intervenções municipais, com o governo socialista de José Luis Rodriguez Zapatero hesitando em se pronunciar.
O Parlamento regional da Catalunha, uma das duas regiões mais povoadas do país, vota nesta quarta-feira moção não vinculante, de dois deputados da direita que pressionam as autoridades regionais a proibir o véu integral (burca ou niqab) em todos os espaços públicos.
Este voto imprevisível sucede à aprovação semana pasada, pelo Senado espanhol, de moção similar da direita pedindo ao governo que proíba o véu integral nos espaços públicos.
Seus promotores consideram que a Espanha não pode continuar se protegendo atrás do "politicamente correto" e "manter-se à margem do debate europeu".
A Bélgica aprovou no final de abril a proibição do véu integral em todo espaço público e o debate se intensifica na França, onde um projeto semelhante será apresentado agora em julho, ao Parlamento.
Na Espanha, onde a comunidade muçulmana alcança 1,2 milhão de pessoas, algumas cidades catalãs tomaram a dianteira.
Nove municípios desta região que abriga importantes comunidades marroquinas e paquistanesas, proibiram nas últimas semanas o véu integral em espaços públicos, mas não nas ruas.
Barcelona anunciou semana passada decisão idêntica, tomada nesta quarta-feira pela cidade andaluza de Coin (sul).
Estas proibições foram decididas por iniciativas de diferentes partidos políticos.
O governo socialista vive situação embaraçosa, dividido entre a defesa da igualdade homem-mulher e o respeito das culturas que promove internacionalmente, através da iniciativa "Aliança das civilizações", apoiada pelas Nações Unidas.
A ministra da Igualdade, Bibiana Aído, disse segunda-feira em Cádiz (sul) que a Espanha poderá ter "mais normativas municipais do que as próprias burcas".
"A burca e todos os véus integrais não só representam um problema de identificação, atentando, também, contra a igualdade e a liberdade das mulheres. No entanto, é assunto tremendamente complexo, sobre o qual é preciso muita reflexão", advertiu Aído.
A poderosa Igreja Católica espanhola defende o véu integral em nome da Constituição, estipulando que as pessoas e instituições "têm o direito de manifestar suas crenças", dentro dos limites do respeito à ordem pública.
Já a Amnesty International defendeu a proibição, em nome da liberdade religiosa e de expressão.