PUBLICIDADE

Europa

Crise do euro contribui para favoritismo de Merkel nas eleições na Alemanha

País vai às urnas neste domingo, dia 22, para eleições legislativas

21 set 2013 - 09h00
(atualizado às 09h00)
Compartilhar
Exibir comentários
Painel gigante da campanha de Merkel destaca o já tradicional gesto que Merkel faz com as mãos em formato de diamante
Painel gigante da campanha de Merkel destaca o já tradicional gesto que Merkel faz com as mãos em formato de diamante
Foto: AFP

Amanhã a Alemanha vai às urnas para eleições parlamentares que devem confirmar a atual chanceler, Angela Merkel, como líder do país. Apesar das últimas pesquisas mostrarem um acirramento na disputa, a representante do partido União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) deve vencer o pleito para assumir o terceiro mandato. O favoritismo de Merkel se deve principalmente ao tratamento dado pelo governo alemão à crise do euro.

Segundo o cientista político Michael Zürn, do Centro de Ciências para Pesquisas Sociais de Berlim (WZB), governos que conduzem bem a economia em momentos de crise têm mais chances durante a eleição. “Muitas economias europeias estão com grandes problemas. Na Alemanha, a taxa de desemprego é relativamente baixa e o crescimento está bom. Essa situação faz com que o atual governo tenha uma boa chance de ser reeleito”, afirmou ele ao Terra.

Angela Merkel, a atual chanceler e favorita nas eleições de domingo
Angela Merkel, a atual chanceler e favorita nas eleições de domingo
Foto: AFP

Depois da crise de 2008 e 2010, vários países foram obrigados a adotar medidas de austeridade para equilibrar suas finanças. Em troca, receberam ajuda financeira da União Européia (UE). Esses planos, que incluíam aumento de impostos, cortes de funcionários públicos, diminuição de salários e aposentadorias causaram a indignação das populações afetadas.

O professor de Ciências Políticas da Freie Universität Berlin Oskar Niedermayer tem a mesma opinião. “Quando governos foram trocados foi, principalmente, pelos problemas que os países tiveram com o euro. Ao contrário de outros países, os cidadãos alemães, no seu cotidiano, não foram atingidos pela crise”, afirma.

Para muitos alemães, os poucos impactos da crise no país se devem, principalmente, às políticas adotadas por Merkel. Além disso, a chanceler é quem dita as regras sobre o gerenciamento das dívidas dos países da União Europeia, e a população da Alemanha confia na sua competência para garantir que o dinheiro de seus impostos não será empregado em vão.

A mãe da nação

“Ela se tornou a mãe da nação, a protetora. Sua política de resgate do euro contribuiu para isso. Além disso, para a população, a chanceler passa a impressão de ser a defensora dos interesses do país no espaço do euro,” diz Niedermayer.

O cientista político acrescenta que o sucesso de Merkel também está relacionado aos seus concorrentes. Para os alemães, Merkel parece ser mais sincera, mais competente, mais simpática, além de ser uma líder melhor do que seus oponentes, afirma Niedermayer.

Peer Steinbrück, o desafiante
Peer Steinbrück, o desafiante
Foto: AFP

Seu principal concorrente, o candidato do Partido Social Democrata (SPD), Peer Steinbrück – atualmente deputado federal, foi ministro das Finanças entre 2005 e 2009, no primeiro mandato de Merkel – perdeu votos após dar declarações polêmicas. Ele disse que não tomava vinho que custasse menos de cinco euros e afirmou que considerava o salário do chanceler muito baixo para o trabalho que ele exige.

Se mudar, segue tudo igual

As últimas pesquisas apontam uma leve vantagem para Merkel. Mas, para Niedermayer, a vitória da chanceler nas urnas não garante a continuação da chanceler no poder. A maior dificuldade será achar parceiros para governar. “O SPD está fazendo de tudo para evitar uma grande coalizão, pois já teve experiências negativas e saiu muito mal. Com o Partido Verde também será difícil”.

Mesmo com uma eventual vitória da oposição, pouco deve mudar em relação à política alemã perante a crise do euro. Segundo Zürn, o novo governo continuará cuidando para que outros países sigam as medidas de estabilização e o dinheiro dos contribuintes alemães não seja perdido. “Naturalmente, o SPD fala que as políticas de austeridades precisam vir junto com investimentos em outros países. Mas isso é não é uma mudança dramática na política, é apenas um novo ponto. O SPD não tem uma alternativa para a política de Merkel”, afirma Niedermayer.

Foto: AFP
Foto: AFP

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade