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Europa

'Coragem', pediria rainha a britânicos assolados por guerra nuclear

1 ago 2013 - 18h16
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A rainha britânica Elizabeth II pediria a seu "corajoso país" que se mantivesse firme em meio à guerra nuclear, em um discurso fictício mantido até agora em sigilo, preparado para ela em 1983 no âmbito de um exercício de guerra.

Segundo o documento, tornado público nesta quinta-feira, com a Grã-Bretanha à beira da aniquilação nuclear pelas mãos da União Soviética, a rainha diria a seus compatriotas que os perigos eram "de longe maiores do que em qualquer outro momento da nossa longa história".

Ela também pediria ao povo britânico que se lembrasse das qualidades que lhe permitiram manter viva a liberdade nas duas guerras mundiais anteriores.

"Enquanto lutamos juntos para combater o novo mal, vamos rezar por nosso país e pelos homens de boa vontade, onde quer que estejam", diz o texto. "Que Deus abençoe a todos", prossegue.

Felizmente, a rainha nunca precisou fazer este discurso e acredita-se que ela nunca mais tenha visto o texto, esboçado por funcionários do governo no auge da Guerra Fria, como parte de um exercício desenvolvido para enfrentar uma ação em potencial caso um conflito nuclear se tornasse realidade.

Detalhes do exercício WINTEX-CIMEX 83 estavam na última fila de documentos oficiais a ser divulgados pelo Arquivo Nacional britânico.

Embora fosse apenas uma simulação, o texto do discurso - supostamente transmitido ao meio-dia de 4 de março de 1983, evoca os temores da época, enquanto a monarca buscava preparar o país para a provação inimaginável que teria à sua frente.

O texto contém referências ao seu "amado filho Andrew", que na época servia como piloto de helicóptero da Marinha Real, e à fala de seu pai, George VI, na eclosão da II Guerra Mundial - um discurso dramatizado recentemente no filme "O Discurso do Rei".

"Agora esta loucura da guerra se espalha mais uma vez pelo mundo e nosso bravo país precisa se preparar novamente para sobreviver a todas as adversidades", diz.

"Eu nunca esqueci a tristeza e o orgulho que senti, enquanto eu e minha irmã ouvíamos as palavras inspiradoras do meu pai naquele fatídico dia de 1939. Nem por um momento eu imaginei que esta tarefa solene e terrível algum dia recairia sobre mim", prossegue.

"Mas, quaisquer que sejam os horrores que nos esperam, todas as qualidades que nos ajudaram a manter nossa liberdade intacta duas vezes ao longo deste triste século vão, mais uma vez, ser a nossa força", continua.

No exercício, as forças do bloco Laranja, representando a União Soviética e seus aliados do Pacto de Varsóvia, lançam um ataque com armas químicas contra a Grã-Bretanha.

As forças Azuis, representando a Otan, retaliam com um ataque nuclear, forçando o grupo Laranja a pedir a paz.

Os servidores civis que participaram do exercício chegaram a produzir falsas primeiras páginas de jornais, revelaram os documentos. A versão imaginária do tabloide The Sun trazia uma página em branco e só na página dois dizia "Guerra - a palavra que não queríamos imprimir".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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