PUBLICIDADE

Europa

Copiloto da Germanwings escondeu doença que o impediria de voar

27 mar 2015 - 11h11
(atualizado às 11h11)
Compartilhar
Exibir comentários

O copiloto que derrubou um avião nos Alpes franceses recebeu um atestado médico afirmando que sofria de um problema de saúde que teria o impedido de voar no dia do acidente, o qual ele aparentemente escondeu de seus empregadores, disseram promotores alemães.

Andreas Lubitz, em foto de arquivo de 2009 durante prova de corrida em Hamburgo. 13/09/2009
Andreas Lubitz, em foto de arquivo de 2009 durante prova de corrida em Hamburgo. 13/09/2009
Foto: Foto-Team-Mueller / Reuters

Promotores franceses acreditam que Andreas Lubitz, de 27 anos, se trancou na cabine do Airbus A320 da companhia aérea Germanwings na terça-feira e atirou o avião contra uma montanha propositalmente, matando todas as 150 pessoas a bordo.

“Foram confiscados documentos com informações médicas que apontam para uma doença pré-existente e o tratamento correspondente indicado pelos médicos”, informou o escritório da promotoria de Duesseldorf, onde o copiloto morava e que era o destino do voo que partiu de Barcelona.

“O fato de haver atestados médicas dizendo que ele não tinha condições de trabalhar, entre outras coisas, que foram encontradas rasgadas, que eram recentes e inclusive do dia do crime sustenam a suposição baseada no exame preliminar de que o falecido escondeu sua doença de seu empregador e de seus colegas de trabalho”, afirmaram os promotores alemães.

Os documentos foram encontrados durante as buscas nas casas de Lubitz em Duesseldorf e na cidade de Montabaur, no Estado da Renânia-Palatinado.

Reportagens da mídia alemã levam a crer que Lubitz sofreu de depressão no passado, e que seus empregadores teriam estado cientes de seu histórico.

O jornal alemão Bild relatou nesta sexta-feira que Lubitz teve depressão seis anos atrás, período durante o qual interrompeu seu treinamento, e que passou mais de um ano fazendo tratamento psiquiátrico.

A Lufthansa, controladora da Germanwings, admitiu que Lubitz fez uma pausa no treinamento em 2009, mas diz não haver nada no passado do piloto que indicasse que ele era uma ameaça.

“Depois de ele ser liberado de novo, voltou a treinar. Ele passou em todos os testes e avaliações subsequentes com mérito. Suas habilidades de pilotagem eram impecáveis”, afirmou Carsten Spohr, presidente-executivo da Lufthansa, na quinta-feira.

O Bild, citando documentos internos encaminhados pelo Centro Médico Aéreo da Lufthansa às autoridades alemãs, relatou que Lubitz sofria de depressão e ansiedade, e que foi determinado que ele havia tido um “episódio depressivo grave” mais ou menos na época em que suspendeu o treinamento.

INDENIZAÇÕES

A Lufthansa e os promotores alemães não quiseram comentar a reportagem, que deve levar a um questionamento sobre os procedimentos de aprovação dos pilotos da empresa e, se confirmada, poderia expô-la a processos pesados decorrentes do acidente.

Um acordo internacional normalmente limita as indenizações pagas pelas companhias aéreas a cerca de 157.400 dólares por passageiro morto em um acidente se a família não abrir processo, mas se os familiares quiserem pedir compensações por danos maiores, podem abrir uma ação civil.

Advogados que representaram familiares em desastres aéreos anteriores disseram à Reuters que os processos em potencial poderiam questionar se a Germanwings avaliou o copiloto devidamente antes e durante sua contratação, e se a empresa deveria ter aplicado uma política que exija duas ou mais pessoas em suas cabines durante todo o tempo do voo.

Várias companhias aéreas já mudaram seus regulamentos para as cabines em resposta ao acidente, incluindo a Lufthansa.

Lubitz foi descrito por conhecidos de sua cidade-natal, Montabaur, como um homem discreto mas amigável, que aprendeu a pilotar planadores no clube de aviação local antes de partir para a aviação comercial como copiloto da Germanwings em 2013.

Mas um amigo que conheceu Lubitz seis anos atrás afirmou que ele vinha se tornando cada vez mais retraído ao longo do último ano.

“Voar era a vida dele”, disse o amigo, que concordou em falar à Reuters sobre o estado mental de Lubitz sob condição de anonimato. “Ele sempre foi uma companhia discreta, mas no último ano isso piorou”.

(Reportagem adicional de Tom Kaeckenhoff, em Duesseldorf; Victoria Bryan e Michelle Martin, em Berlim; e Andy Callus, em Paris)

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade