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Europa

Começa julgamento de ex-guarda de Auschwitz, de 94 anos

11 fev 2016 - 10h48
(atualizado às 12h04)
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Reinhold Hanning, durante julgamento por ter participado de mortes no campo de concentração de Auschwitz
Reinhold Hanning, durante julgamento por ter participado de mortes no campo de concentração de Auschwitz
Foto: EFE

A Audiência Provincial de Detmold, no oeste da Alemanha, iniciou nesta quinta-feira o julgamento de um antigo guarda do campo de extermínio de Auschwitz, que atualmente tem 94 anos e é acusado de cumplicidade em 170 mil assassinatos.

Ele esteve em Auschwitz entre 1943 e 1944, quando fazia parte de um comando das SS.

A atenção que esse processo despertou, acompanhado também por sobreviventes do Holocausto, obrigou o tribunal a se deslocar, por razões de espaço, de sua sede habitual à câmara de Indústria e Comércio de Detmold.

O acusado admitiu sua presença em Auschwitz nesses anos, em que chegaram cerca de 92 transportes de presos ao campo, mas negou qualquer participação nas mortes de prisioneiros.

Mas a promotoria considera que, com seu trabalho como guarda, contribuiu para o funcionamento do "maquinário da morte".

Ano passado Oskar Gröning, outro antigo membro das SS, que ficou conhecido como o contador de Auschwitz, foi condenado a quatro anos de prisão por cumplicidade em 300 mil assassinatos. Ele recorreu da sentença, que está agora na Suprema Corte.

Para o processo de Detmold estão planejadas 12 audiências e, em consideração à idade e ao estado de saúde do acusado, não poderão durar mais de duas horas cada uma.

A negacionista (pessoas que negam a existência do Holocausto) Ursula Haverbeck tentou assistir hoje o começo do julgamento, mas foi intimidada por outros presentes e teve que se retirar sob proteção policial, segundo a imprensa local.

Durante o processo contra Gröning, a própria Haverbeck, condenada duas vezes por incitação ao ódio racial, afirmou a um grupo de jornalistas que Auschwitz não tinha sido um campo de extermínio, mas um campo de trabalho.

Durante as primeiras décadas após a Segunda Guerra Mundial, a perseguição penal contra os crimes relacionados ao Holocausto se concentrou nos autores materiais e nos casos em que era possível provar que o acusado tinha dado ordens para matar.

A condenação a cinco anos de prisão ao ucraniano John Demjanjuk em 2011, por cumplicidade em 28 mil assassinatos no campo de Sobibor, onde ele trabalhou como guarda voluntário, representou um giro e abriu espaço a outros julgamentos contra cúmplices do Holocausto.

Atualmente há outros processos abertos, contra uma mulher de 92 anos que era responsável pelas comunicações por rádio, um enfermeiro e outro guarda.

O campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau é considerado símbolo por excelência do Holocausto. Nesse campo, na Polônia ocupada, perto da Cracóvia, um milhão de pessoas morreram, a maioria judeus, além de ciganos, homossexuais, comunistas e religiosos.

EFE   
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