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Europa

CE acompanha com preocupação a repatriação de ciganos

18 ago 2010 - 12h07
(atualizado às 12h32)
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A Comissão Europeia afirmou nesta quarta-feira que está acompanhando atentamente a polêmica repatriação de ciganos romenos e búlgaros que a França prepara para os próximos dias, aconselhando o governo francês a respeitar as regras sobre a proteção dos cidadãos europeus.

"A França deve respeitar as regras sobre a liberdade de circulação e de estabelecimento dos cidadãos europeus", comentou o porta-voz, admitindo, no entanto, que os Estados podem restringir esses direitos em determinadas circunstâncias.

Romênia e Bulgária, de onde são oriundos os 700 ciganos passíveis de repatriação, tornaram-se membros da União Europeia em 1º de janeiro de 2007.

O chanceler da Romênia afirmou, por sua vez, temer "reações xenófobas" depois do anúncio da repatriação pelo governo francês.

"Expresso minha preocupação pelos riscos de populismo e reações xenófobas em um contexto de crise econômica", declarou Teodor Baconschi a Radio France International (RFI).

"Se trocarmos acusações ou criminalizarmos coletivamente os grupos étnicos (...), ao invés de encontrar soluções, vamos gerar tensões", completou.

A França prevê a repatriação, antes do fim do mês, de 700 ciganos em situação irregular para Romênia e Bulgária no âmbito do plano de retorno voluntário a seus países de origem, dos quais 79 partirão já nesta quinta-feira, uma decisão que acentua a polêmica pela política de segurança do governo.

Setenta e nove ciganos, que aceitaram um plano de ajuda ao retorno voluntário de 300 euros por adulto e 100 euros por menor, serão repatriados nesta quinta-feira da França para Bucareste, anunciou o ministro francês da Imigração, Eric Besson.

Trata-se, segundo ele, do 25º voo deste tipo desde o início do ano rumo a Romênia e Bulgária.

O ministro francês do Interior, Brice Hortefeux, anunciou por sua vez na terça-feira, que 51 acampamentos ilegais de ciganos haviam sido desmantelados este verão (hemisfério norte) em toda a França. Segundo ele, há 600 acampamentos ilegais no país.

"No total, 700 ciganos serão levados a seu país até o fim do mês" em avião, aunciou o ministro, afirmando que os voos estavam previstos para a quinta-feira e 26 de agosto, e um terceiro "para o final de setembro".

Em 2009, 44 voos deste tipo foram organizados e 10 mil romenos e búlgaros foram levados para seus países, segundo as autoridades francesas que reconhecem, no entanto, que as pessoas expulsas, membros da União Europeia, poderiam voltar à França sem visto e permanecer três meses sem justificação.

"Mas não poderão permanecer em situação irregular e nem receber ajuda para o retorno voluntário", disse Eric Besson.

Além disso, devem ter emprego, estudar ou ter recursos suficientes.

Quatrocentas mil pessoas, 95% delas francesas, fazem parte da comunidade cigana na França. O restante é formado por ciganos de origem búlgara, romena e de outros países dos Bálcãs, cujo número aumenta constantemente, segundo o governo.

Calcula-se que haja 15 mil ciganos em situção irregular na França.

Além destas expulsões em série, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que acaba de intensificar a luta contra a insegurança, disse recentemente que queria tirar a nacionalidade francesa dos criminosos de origem estrangeira.

A ONU criticou severamente a França por estabelecer uma relação entre imigração e insegurança. Na França, o governo de direita foi acusado pela esquerda de promover um "racismo de Estado".

Apesar de posições contraditórias, o governo está convencido de que todo este tema fortalece Sarkozy frente às eleições presidenciais de 2012, após o escândalo político-financeiro dos últimos meses, protagonizado pelo ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, que respinga no próprio presidente.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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