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Europa

Católicos temem que escândalo no Vaticano prejudique a Igreja

29 mai 2012 - 13h02
(atualizado às 13h14)
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Os clérigos e peregrinos que visitam a Basílica de São Pedro nesta terça-feira expressaram choque sobre um escândalo que abalou o Vaticano e levou à prisão do mordomo do papa, temendo que isso pudesse prejudicar tanto o pontífice quanto a Igreja.

"É horrível e muito triste que algo assim pode acontecer mesmo no coração do Vaticano", disse David Kaberia, um padre de Meru, no Quênia, em pé sob o sol em uma fila que serpenteia através de metade da Praça de São Pedro para visitar um dos lugares mais sagrados do Catolicismo Romano.

"Este é um trabalho interno por pessoas gananciosas e eu acho que vai inevitavelmente afetar a Igreja em todo o mundo porque este é o centro do poder da Igreja", disse ele à Reuters.

O escândalo explodiu na semana passada quando, dentro de poucos dias, o presidente do banco do Vaticano foi demitido, o mordomo do papa foi preso por vazamentos de documentos confidenciais e foi publicado um livro alegando conspirações entre cardeais e corrupção em negociações financeiras da Igreja com empresas italianas.

"Esta é uma advertência para todos nós na comunidade da Igreja, que só devemos cuidar de coisas espirituais e não sermos corrompidos por questões de carreira, dinheiro e poder", disse o padre Francesco, de Florença.

Relatos da imprensa italiana citando delatores afirmaram que o mordomo, que teve acesso ao apartamento privado do papa, foi apenas um bode expiatório em uma disputa pelo poder na Santa Sé por trás dos bastidores e que a trama era muito maior e mais ampla do que ele.

"Eu não estou tão chocado com a ideia de que maçãs podres também existem na Igreja, pessoas que estão atrás de dinheiro e influência", disse uma professora de Pordenone, no norte da Itália, que deu seu nome apenas como Lúcia. "O que me dói é que isso pode chegar tão perto do papa, é um ataque contra ele, enquanto ele deveria ser intocável", afirmou ela.

Os críticos do Papa Bento 16 dizem que uma falta de liderança forte abriu a porta para lutas internas entre seus assessores poderosos e, potencialmente, para a suposta corrupção em alguns dos documentos vazados.

Mas freiras e padres que se misturam com milhares de visitantes comuns para ter um vislumbre da imponente cúpula de São Pedro, desenhada por grandes mestres italianos do Renascimento, incluindo Michelangelo, defenderam o pontífice e disseram que esperavam que ele pudesse rapidamente passar uma borracha sob a pior crise de seu papado.

"Nós todos nos sentimos envolvidos, porque somos uma grande família. Mas, como a Bíblia nos ensina, em cada família há um Judas, há a tentação e a traição, mas também o arrependimento e o perdão", disse Estrella Villarán, uma freira peruana com as Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração.

"Este é um teste para o papa, mas também uma oportunidade para relançar a Igreja e torná-la mais forte", acrescentou ela, segurando uma cruz de madeira na mão.

Jay Finelli, um sacerdote diocesano de Rhode Island, nos Estados Unidos, rejeitou a preocupação de que o escândalo pode causar danos permanentes à Santa Sé.

"A Igreja é composta de santos e pecadores, por isso só temos de orar e Deus vai resolver tudo isso", disse ele. "Existimos há cerca de 2.000 anos. Claro que as pessoas devem estar se perguntando o que está acontecendo, mas nada pode destruir a Igreja. As portas do inferno não prevalecerão."

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