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Europa

Campanha sobre "brexit" permanece suspensa devido a assassinato de deputada

17 jun 2016 - 11h38
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A campanha sobre o referendo da União Europeia (UE) permanece nesta sexta-feira suspensa devido à comoção que causou no Reino Unido a morte da deputada Jo Cox, enquanto foi revelada a suposta simpatia por grupos neonazistas do suposto assassino.

A bandeira britânica está hoje a meio mastro no Palácio de Westminster, sede do Parlamento, em sinal de luto pela morte da política trabalhista, baleada na cidade de Birstall, norte da Inglaterra, após se reunir com cidadãos como parte de seus trabalhos como parlamentar.

Os políticos decidiram fazer uma pausa, possivelmente até amanhã, na campanha para o plebiscito do dia 23 de junho, marcada pela agressividade e pela troca de acusações entre o grupo que pede a permanência na União Europeia (UE) e o que apoia a saída ("brexit").

Ao ficar vacante a cadeira de Cox - por Batley e Spen -, os conservadores informaram hoje que não irão escolher o novo deputado, em sinal de respeito a Cox.

Além disso, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, foram hoje a Birstall em sinal de solidariedade com a comunidade.

Em West Yorkshire (norte da Inglaterra), a Polícia interroga Tommy Mair, detido no local do ataque, e informou que não procura mais ninguém em relação aos fatos.

À espera da investigação policial, a imprensa revelou o perfil deste homem desempregado de 52 anos e seu suposto interesse por grupos de extrema direita.

Antes de atacar Cox, o agressor gritou "Britain First", um partido formado em 2011 por antigos membros do Partido Nacionalista Britânico (BNP, na sigla em inglês).

Segundo a imprensa local, Mair comprou supostamente livros do grupo neonazista americano National Alliance, entre eles "Ich Kampfe", um manual ilustrado distribuído aos membros do partido nazista alemão em 1942, e outro sobre como montar uma pistola com peças que podem ser compradas em uma loja de bricolagem.

A imprensa reproduz os recibos de compra com o nome de Thomas Mair, que foram divulgados pelo Centro Legal para a Pobreza Sulina (SPLC, em inglês) dos EUA, que os obteve de membros do grupo supremacista da raça branca, segundo "The Guardian".

Segundo a família de Mair, ele tem antecedentes de transtorno mental, não era casado nem tinha filhos, mas era considerado por seus vizinhos como um homem amável, solitário, que às vezes lhes ajudava a limpar os jardins de suas casas.

Em sinal de luto, centenas de pessoas fizeram ontem à noite vigília na igreja de Birstall, e também na frente do Parlamento britânico, enquanto hoje vários deputados trabalhistas depositaram rosas vermelhas perto da biblioteca onde aconteceu o ataque.

O assassinato de Cox é o primeiro contra um deputado desde que o Exército Republicano Irlandês (IRA) matou o conservador Ian Gow em 1990, quando Margaret Thatcher ainda estava no poder.

A Polícia e as autoridades parlamentares revisam a segurança dos deputados após o assassinato de Cox, pois estes não costumam andar com proteção a menos que façam parte do governo.

Os parlamentares consideram vital este contato direto com seus eleitores em suas respectivas circunscrições, segundo explicou hoje a deputada trabalhista Rachel Reeves.

"Para fazer seu trabalho, os deputados precisam fazer parte de sua comunidade e dispor destes gabinetes de consulta (com as pessoas)", declarou Reeves aos veículos de imprensa britânicos.

"Não podemos deixar que o comportamento de um homem destrua o vínculo entre os deputados e suas circunscrições", acrescentou.

Pouco depois do ataque, as autoridades parlamentares alertaram os membros do parlamento para que ficassem atentos a sua segurança pessoal, especialmente porque muitos estavam na rua fazendo campanha para o referendo da próxima semana.

Segundo a imprensa, a Polícia se dispunha a reforçar a segurança de Cox no barco no qual vivia no rio Tâmisa, em Londres, e no escritório em sua circunscrição do norte da Inglaterra depois que um homem - que não é o detido ontem em relação ao ataque - a assediou enviando mensagens.

Aparentemente, a deputada não deu maior importância a princípio até que "o volume e a frequência das mesmas aumentaram".

EFE   
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