Cacique Raoni merece Nobel da Paz, diz ecologista francês
O ativista e ecologista francês Nicolas Hulot afirmou nesta sexta-feira que o cacique brasileiro Raoni, defensor da floresta amazônica, seria um bom candidato ao Prêmio Nobel da Paz, e o comparou ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. "O chefe Raoni tem a têmpera de um Prêmio Nobel da Paz, quando o ouço e olho, para mim parece com o Mandela", declarou Hulot, presidente da Fundação pela Natureza e pelo Homem, em coletiva de imprensa realizada em Paris por ocasião do lançamento da campanha Emergência Amazônia.
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"Raoni teria todos os motivos para ser rancoroso, já que seu território e sua cultura continuam sendo profanados, mas ele é somente amor e respeito", explicou Hulot. Raoni se encontra na França dentro de um giro europeu destinado a defender os direitos dos povos indígenas e chamar a atenção dos europeus sobre as responsabilidades de alguns países do Velho Continente no desmatamento da Amazônia.
"Contamos com a França para pedir ao governo brasileiro que respeite nossos direitos, como a delimitação de certos territórios, e pedimos ajuda para proteger a floresta amazônica", declarou Raoni.
O presidente francês, François Hollande, recebeu Raoni na quinta-feira no Palácio do Eliseu. O cacique declarou-se feliz com o encontro e agradeceu o "apoio de Hollande, dos franceses, da Europa e do mundo". O presidente francês elogiou a "trajetória pessoal e o corajoso compromisso em favor da preservação do meio ambiente", indicou a Presidência francesa em um comunicado.
O presidente francês, que participou da conferência Rio+20 em junho passado, reiterou "a importância da aplicação de suas conclusões" e de uma "participação dos povos autóctones nos debates e negociações que dizem respeito ao seu futuro".
Raoni, cerca de 82 anos, também está visitando a Europa como parte de uma campanha de sensibilização para a preservação da floresta amazônica e de respeito às populações que vivem na região. Ele ainda irá a Alemanha, Suíça e Holanda para apoiar a campanha Emergência Amazônia, organizada pela Planète Amazone com o apoio da Fundação de Hulot e da ONG Amazon Watch.
"No momento em que tendemos a nos aferrar aos próprios interesses locais, nacionais ou regionais, Raoni nos lembra que o que está em jogo são interesses universais, que as mudanças climáticas, o desmatamento, a perda da biodiversidade vão afetar toda a humanidade", declarou Hulot na véspera.