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Europa

Berlusconi é condenado a 7 anos de prisão por caso Ruby e se diz perseguido

24 jun 2013 - 17h55
(atualizado às 18h01)
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O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi foi condenado nesta segunda-feira a sete anos de prisão e a não exercer mais um cargo público pelo caso Ruby, pelo qual tinha sido acusado de prostituição de menores e abuso de poder, mas prometeu resistir ao que chamou de perseguição.

"Pronunciaram uma sentença inacreditável, de uma violência que não tinha sido vista até agora, para me eliminar da vida política deste país", afirmou Berlusconi em um comunicado divulgado à imprensa no qual adverte: "Resistirei a esta perseguição porque sou absolutamente inocente".

Julgado em primeira instância desde abril de 2011 em Milão (norte) por prostituição de menor e abuso de poder no caso Ruby, Berlusconi anunciou que recorrerá da sentença.

"Estava verdadeiramente convencido de que iam me absolver porque nos fatos não havia verdadeiramente possibilidade alguma de eu ser condenado", disse 'Il Cavaliere', de 76 anos.

"Não se trata apenas de uma página de justiça ineficiente, e sim de uma ofensa a todos os italianos que acreditaram em mim e em meu compromisso com o país", acrescentou.

A condenação não será aplicada até que seja confirmada pelo Tribunal de Cassação, a terceira e última instância, segundo o direito penal italiano.

Depois de quase sete horas de deliberações, três juízas milanesas condenaram o magnata das comunicações e líder da direita italiana a uma pena maior do que a solicitada pela promotoria e o proibiram de exercer qualquer cargo público pelo resto da vida.

O anúncio foi feito pela juíza Giulia Turri e trata-se da primeira decisão, já que haverá mais duas oportunidades, segundo o direito italiano.

Cerca de dez pessoas reunidas diante da sede do tribunal reagiram à leitura da sentença com aplausos e gritos, enquanto várias personalidades da direita italiana protestaram imediatamente contra a decisão, que marca o futuro político de um dos homens mais poderosos e influentes da Itália.

"Trata-se de um veredicto desconectado da realidade", afirmou o advogado de 'Il Cavaliere', Niccoló Ghedini, garantindo que recorrerá da sentença.

O ex-chefe de governo foi acusado de ter pagado em dez ocasiões a "Ruby", apelido de uma jovem marroquina menor de idade na época dos fatos, em troca de serviços sexuais e por ter pressionado a polícia para que a liberasse após sua detenção por furto, em maio de 2010.

A promotora Ilda Bocassini, conhecida por ser implacável em suas investigações contra a máfia, denunciou em sua acusação "o esquema de prostituição armado para satisfazer sexualmente Silvio Berlusconi".

Não se descarta uma reação impetuosa de Berlusconi que desencadeie uma crise no governo. Alguns consideram a possibilidade de que ele decida retirar o apoio de seu partido, o Povo da Liberdade (PdL), à coalizão nacional liderada por Enrico Letta, do Partido Democrático (esquerda), formada após um bloqueio político de vários meses.

"É uma sentença muito grave, que arrasa com o estado de direito em Milão", comentou indignado Fabrizio Cicchito, um dos líderes do Povo da Liberdade.

Cerca de 30 jovens e garotas de programa, que participaram das festas particulares do magnata, passaram pelo tribunal de Milão para declarar que as polêmicas festas de "bunga bunga", na verdade, eram jantares elegantes e tranquilos.

Paradoxalmente, a reputação de Berlusconi, um mulherengo convicto, ficou nas mãos de cinco mulheres: as três juízas, uma promotora fiscal e uma acusada.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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