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Europa

Berlusconi defende Mussolini e causa revolta na esquerda italiana

27 jan 2013 - 14h31
(atualizado às 14h34)
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O ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi despertou revolta na esquerda italiana neste domingo, quando fez comentários em defesa do líder fascista Benito Mussolini em uma cerimônia em memória das vítimas do Holocausto nazista.

O ex-primeiro-ministro italiano comparece a um comício eleitoral no centro de Roma, Itália. Berlusconi despertou revolta na esquerda italiana neste domingo, quando fez comentários em defesa do líder fascista Benito Mussolini em uma cerimônia em memória das vítimas do Holocausto nazista. 25/01/2013
O ex-primeiro-ministro italiano comparece a um comício eleitoral no centro de Roma, Itália. Berlusconi despertou revolta na esquerda italiana neste domingo, quando fez comentários em defesa do líder fascista Benito Mussolini em uma cerimônia em memória das vítimas do Holocausto nazista. 25/01/2013
Foto: Max Rossi / Reuters

Falando nos bastidores do evento em Milão, Berlusconi disse que Mussolini errou ao seguir a Alemanha nazista aprovando leis anti-judeus, mas que em outros aspectos foi um bom líder.

"Hoje é difícil se colocar no lugar das pessoas que tomavam decisões à época", declarou Berlusconi, em campanha para as eleições do mês que vem à frente de uma coalizão que inclui políticos da extrema direita cujas raízes remontam ao antigo partido fascista da Itália.

"Obviamente o governo da época, por medo de que o poder alemão pudesse levar à vitória completa, preferiu se aliar à Alemanha de Hitler do que se opor a ela", disse.

"Como parte dessa aliança, havia imposições, como combater e exterminar judeus", afirmou ele aos repórteres. "As leis raciais foram a pior falha de Mussolini como líder, ele que em tantos outros aspectos se saiu bem", disse, referindo-se às leis aprovadas pelo governo fascista de Mussolini em 1938.

Embora Mussolini seja conhecido fora da Itália sobretudo por seu conluio com a Alemanha nazista, seu governo também bancou grandes projetos de infraestrutura, assim como o bem-estar de seus apoiadores.

Os comentários de Berlusconi eclipsaram as comemorações de milhares de judeus e outros deportados da Itália para campos de concentração nazistas no leste europeu.

Eles (os comentários) foram classificados de "repugnantes" pelo Partido Democrata (PD), que lidera as pesquisas para o pleito parlamentar de 24 e 25 de fevereiro.

"Nossa república é baseada na luta contra o fascismo nazista, e estes comentários são intoleráveis, incompatíveis com a liderança de forças políticas democráticas", disse Marco Meloni, porta-voz do PD para assuntos institucionais. Antonio Ingroia, ex-magistrado anti-máfia em campanha à frente de outra coalizão esquerdista, disse que Berlusconi é "uma desgraça para Itália".

AMBÍGUO

Não foi a primeira vez que Berlusconi defendeu Mussolini, cuja situação permanece profundamente ambígua na Itália 67 anos depois de sua execução por militantes comunistas enquanto tentava fugir para a Suíça, em abril de 1945.

Muitos políticos italianos, incluindo Gianfranco Fini, presidente da câmara baixa do parlamento, vêm das alas do antigo Movimento Social Italiano, oriundo do partido fascista, embora tenham renunciado à extrema direita.

"Temos que ser cuidadosos para que estas faíscas, que são recorrentes, não tragam de volta tragédias que a humanidade não deve sofrer novamente", declarou o premiê demissionário, Mario Monti, neste domingo.

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