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Europa

Autoridades americanas interrogam pais dos suspeitos de Boston

24 abr 2013 - 15h49
(atualizado às 15h59)
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Uma delegação americana com agentes do FBI interrogou nesta quarta-feira os pais dos suspeitos dos ataques contra a Maratona de Boston, mas eles insistiram que os dois irmãos não tinham contatos com os grupos islamitas locais.

Os pais de Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev atualmente vivem no Daguestão, uma região muçulmana do Mar Cáspio onde a família morou por uns tempos antes de viajar para os Estados Unidos.

"O FBI está recebendo a cooperação do governo russo em sua investigação sobre os atentados na maratona", afirmou à AFP um funcionário da embaixada americana, que não quis ser identificado.

"Um grupo da embaixada americana em Moscou viajou ao Daguestão ontem (terça-feira) como parte de sua cooperação com o governo russo para interrogar os pais", acrescentou.

A fonte não quis confirmar se a delegação americana permanecia no Daguestão realizando suas investigações.

Contudo, uma fonte de segurança do Daguestão afirmou ao correspondente da AFP que as entrevistas com os pais dos suspeitos vararam a noite e envolveram agentes do FBI, a polícia federal americana.

"Os pais foram deixados em casa, mas, pela manhã, a mãe voltou para novos interrogatórios", explicou a fonte, esclarecendo que as entrevistas aconteceram no quartel-general do Serviço Secreto russo, o FSB.

A fonte da segurança daguestanesa também disse que os pais foram interrogados sobre a visita de Tamerlan ao Daguestão. "Os pais responderam que ele não teve nenhum contato com islamitas radicais".

O pai dos suspeitos, Anzor, de origem chechena nascido no Quirguistão, sempre insistiu, em todas as entrevistas que concedeu à imprensa, que seus filhos são inocentes e não podem ser os autores dos atentados.

De acordo com a agência de notícias RIA Novosti tanto Anzor como a esposa, Zubeidat, concordaram durante o interrogatório em viajar nesta quinta-feira aos Estados Unidos para colaborar com a investigação.

A investigação junto aos pais dos suspeitos prossegue em meio a questionamentos se as autoridades americanas teriam deixado passar sinais que evidenciavam o perigo representado pelos dois irmãos.

É de particular interesse dos investigadores uma viagem de seis meses feita por Tamerlan em 2012 ao Daguestão e à Chechênia.

O motivo alegado para esta viagem foi obter um novo passaporte russo que, no final das contas, nunca foi buscado e os investigadores querem saber se tudo não passou de um pretexto para contatar muçulmanos extremistas.

O ministro do Interior do Daguestão, Abdurashid Magomedov, descartou qualquer possibilidade de que Tamerlan ter sido "infectado" pelo islamismo radical durante sua estado no Cáucaso.

"De acordo o Ministério do Interior, Tamerlan Tsarnaev não manteve contato com o submundo islamita durante esta visita", afirmou Magomedov.

A mulher de Tamerlan, Katherine Russell, de 24 anos, também declarou-se disposta a ajudar os investigadores, segundo seus advogados.

Em nota lida por seus advogados na terça-feira, em Providence (estado de Rhode Island), a jovem disse que ficou profundamente "chocada" ao descobrir que seu marido e seu cunhado estavam envolvidos no atentado.

Katherine se casou com Tamerlan em 2010. Eles tiveram uma filha de três anos. Ele morreu em um tiroteio com a polícia na quinta-feira passada. Seu irmão mais novo, Dzhokhar, de 19 anos, ficou gravemente ferido, mas está internado e em recuperação.

O estado de saúde de Dzhokhar apresenta melhoras e sua recuperação é "satisfatória", segundo o Ministério Público em Boston (Massachusetts, nordeste).

Ele foi acusado formalmente na segunda-feira em seu leito no hospital e não podia mover a cabeça para responder às perguntas do juiz. Apenas acenou um leve "não" quando perguntado se podia pagar um advogado.

A Promotoria de Boston acusou o jovem de usar armas de destruição em massa e de destruição intencional de propriedade com um dispositivo explosivo. Caso seja condenado, Dzhokhar pode receber a pena de morte.

Os ataques na Maratona de Boston deixaram três mortos e mais de 260 feridos no dia 15 de abril.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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