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Mundo

Atirador norueguês volta a ilha para reconstituir ataque

14 ago 2011 - 12h48
(atualizado às 13h12)
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O fundamentalista cristão ultradireitista Anders Behring Breivik retornou à ilha norueguesa de Utoya, em meio a um forte esquema de segurança, para fornecer mais dados à investigação sobre o massacre no acampamento da juventude trabalhista do dia 22 de julho.

Em um manifesto divulgado na internet, Anders Behring Breivik posa com uma arma e chama à violência contra muçulmanos e comunistas
Em um manifesto divulgado na internet, Anders Behring Breivik posa com uma arma e chama à violência contra muçulmanos e comunistas
Foto: AFP

A Polícia norueguesa revelou neste domingo os detalhes da incursão realizada no sábado ao longo de oito horas. O objetivo era obterem o maior número de dados possíveis. Dezenas de agentes fortemente armados, apoiados por um helicóptero que sobrevoava a ilha, acompanharam Breivik, vestido com colete à prova de balas e algemado, durante a permanência na ilha.

Breivik, que está preso em uma penitenciária ao oeste de Oslo, explicou como matou cada uma das 69 vítimas alvos de seus disparos no local, enquanto dois agentes filmavam a reconstrução dos fatos para a gravação ser usada como prova no futuro julgamento. "Era importante que o interrogatório fosse tão minucioso para evitar ter de voltar mais tarde durante o julgamento", explicou neste domingo Paal-Fredrik Hjort Krabby, porta-voz policial em entrevista coletiva.

A Polícia norueguesa ressaltou que não foi uma simples reconstituição, mas algo mais próximo de um interrogatório. "O acusado permaneceu impassível durante sua permanência em Utoya, não demonstrou nenhum sinal de arrependimento", assinalou neste domingo em entrevista coletiva Paal-Fredrik Hjort Krabby, porta-voz da Polícia.

O porta-voz afirmou que a ida à ilha proporcionou "novos detalhes" sobre o massacre, mas não esclareceu quais novidades. "Ela já nos deu muitas informações durante as 50 horas de interrogatórios, mas o interrogatório deste sábado nos deu ainda subsídios", declarou.

A Polícia norueguesa destacou a importância da incursão antes de completar um mês do massacre a necessidade de ter sido realizada sob sigilo, apesar de o jornal VG ter antecipado horas antes a notícia e ter divulgado imagens de Breivik em Utoya feitas à distância. Essas são as únicas imagens, por enquanto, divulgadas do autor confesso na ilha neste sábado, já que a Polícia norueguesa não pretende fazer o mesmo.

"Por consideração aos familiares e aos outros tudo devia transcorrer de forma digna, e devíamos levar em conta também o tempo. Além disso, as investigações técnicas deviam estar concluídas e o local limpo antes de o acusado chegar à ilha", disse. O propósito é também que familiares e sobreviventes "possam saber o mais breve possível sobre o que realmente ocorreu ali", acrescentou.

A inesperada visita de Breivik foi também motivada pelo fato da Polícia precisar entregar novamente o controle da ilha à juventude do Partido Trabalhista, os proprietários, antes do dia 19 de agosto. Neste domingo está previsto que familiares das vítimas do massacre retornem a Utoya e na segunda-feira o farão os sobreviventes, em dois atos privados.

O retorno à ilha de familiares e sobreviventes precederá à cerimônia comemorativa do domingo 21 no Oslo Spektrum, à qual vão participar o Governo, a família real e representantes da Noruega oficial, assim como de outros países vizinhos como a Dinamarca e Suécia.

No duplo atentado morreram 77 pessoas, oito na explosão do carro-bomba no complexo do Governo na capital e os demais no tiroteio no acampamento da juventude trabalhista na ilha de Utoya, 40 km ao sul de Oslo.

EFE   
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