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Europa

Atenas é palco do 23º Congresso Mundial de Filosofia

Evento na capital da Grécia vai até o próximo dia 10 de agosto

4 ago 2013 - 18h19
(atualizado às 18h25)
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Como na Grécia clássica, Atenas volta a ser durante esta semana a capital universal da filosofia ao acolher, pela primeira vez, o 23° Congresso Mundial desta disciplina, que reunirá os sábios e estudiosos de todo mundo. Durante sete dias, desde este domingo até 10 de agosto, o evento que acontece a cada cinco anos será realizado na principal cidade do país.

"Para nós significa muito, é a volta da filosofia ao seu lugar. Porque, como a democracia e os Jogos Olímpicos, a filosofia surgiu na Grécia clássica", afirma uma das organizadoras, que além disso ressalta a importância desta reunião reflexiva em um período de crise como o que está sendo vivido pelo país heleno.

Mais de três mil pessoas se inscreveram no congresso e, no total, haverá cerca de dois mil discursos divididos em 75 áreas temáticas nas quais serão tratados assuntos variados: a moral dos negócios, a religião como obstáculo aos direitos humanos, os valores individuais e universais, e a ética e a estética do esporte.

O mais significativo, ressalta o chefe da Sociedade Filosófica da Grécia e presidente do comitê organizador, Konstantinos Vuduris, está incluído no lema do Congresso - "A filosofia como indagação e modo de vida" - e que é derivado da pergunta socrática "Como devemos viver?".

"Nos últimos séculos, no Ocidente a filosofia foi tratada como uma disciplina científica e temos que recuperá-la como modo de vida. O filósofo tem que estabelecer um diálogo com o mundo político e com a sociedade em geral", explica Vuduris à Agência Efe.

"Isto nos convida -prossegue Vuduris- a explorar os diversos modos de vida dos povos da Terra e a adotar uma posição responsável que encontre um equilíbrio entre o distanciamento da indagação filosófica e o compromisso da filosofia com os problemas que surgem e surgirão a partir das forças econômicas e sociais que mudam a forma de nossa sociedade global".

Para isso, Vuduris considera muito valiosa a experiência que as delegações asiáticas fornecerão, citando por exemplo, que a China contará com 300 representantes quando até agora só 30, no máximo, iam aos Congressos Mundiais de Filosofia.

Os discursos do filósofo e sociólogo Jürgen Habermas despertam especial expectativa porque o alemão dissertará sobre o "cosmopolitismo" na terça-feira, dia 6, em uma sessão especial.

O especialista em semiótica e afamado romancista italiano Umberto Eco também será um foco de atenção na quarta-feira, dia 7, com uma classe magistral sobre o filósofo medieval sefardita e cordobês Maimônides.

Outro dos pratos fortes do Congresso serão as sessões especiais, em lugares de um simbolismo tal que nenhuma das sedes anteriores destes eventos provavelmente possa igualar.

A primeira é a Academia de Platão, fundada pelo filósofo do "mundo das ideias" em 387 a.C., que em seu tempo bem podia ter sido o precedente das atuais "universidades campus", pois estava situada em um idílico lugar coberto de árvores regados pelo rio Cefiso, a um quilômetro e meio da antiga Atenas.

A Academia permaneceu aberta durante mais de nove séculos, até que o imperador Justiniano, com seu édito de 529, ordenou o fechamento de todas as escolas filosóficas que ficavam em seu já cristão território, e os platônicos tiveram que ir para a Pérsia, sob a proteção do imperador Cosroes.

Hoje situada em um parque de um bairro operário e longe dos circuitos turísticos, a Academia voltará a ver florescer os debates filosóficos no ano em que, curiosamente, completa 2.400 aniversário de sua fundação.

Outro ato importante relacionado com Platão vai acontecer entre os imponentes restos do templo de Zeus Olímpico e o reconstruído estádio do Panathinaikos, onde o mestre de filósofos situa os diálogos de seu Fedro, uma de suas obras mais importantes junto com "A República".

Carregada de simbolismo será também a sessão programada no que fora o antigo Liceu de Aristóteles, uma instituição que combinava a formação do intelecto ao mesmo tempo que a física e a disciplina militar e que, como a Academia, seguiu o curso de outras escolas filosóficas e foi fechada por Justiniano.

Finalmente, a colina de Pnyx, em frente à Acrópole, será um marco único para debater sobre filosofia e política, pois aí se reunia, em tempos passados, a assembleia de cidadãos, o berço da democracia.

EFE   
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