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Europa

Assange: "sociedades democráticas precisam de mídia forte"

7 dez 2010 - 11h46
(atualizado às 12h47)
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No mesmo dia em que foi preso, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, disse, em um artigo publicado nesta terça-feira na edição online do jornal australiano The Australian, que as "sociedades democráticas precisam de uma mídia forte, e que o WikiLeaks faz parte dessa mídia".

Julian Assange vira o rosto ao chegar de carro no tribunal para depor após ter sido preso, em Londres
Julian Assange vira o rosto ao chegar de carro no tribunal para depor após ter sido preso, em Londres
Foto: AP

No texto, o australiano de 39 anos afirma que sua organização ajuda a manter os "governos honestos". "A mídia ajuda a manter governos honestos. WikiLeaks revelou algumas verdades duras sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, e furos de reportagem sobre currupção em corporações".

Apesar disso, ele não se diz exatamente contra as guerras. Sustenta que "às vezes é necessário que as nações entre em conflito, e são guerras justas". "Mas não há nada mais errado do que governos que mentem para o seu povo sobre essas guerras", escreveu Assange no artigo.

Assange falou sobre a cidade onde cresceu, Queensland, na Austrália, onde "dias negros da corrupção (...) são testemunhas do que acontece quando os políticos não permitem que a imprensa publique a verdade". Foi a partir da luta contra isso, segundo ele, que surgiu o WikiLeaks.

"WikiLeaks cunhou um novo tipo de jornalismo: o jornalismo científico. Nós trabalhamos com outros veículos de imprensa para levar as notícias ao publico, mas também provar que trata-se da verdade. O jornalismo científico permite que você leia a reportagem e também clique no documento original no qual ela é baseada. Dessa forma você pode julgar por você mesmo: esta história é verdade? O jornalista apurou com exatidão?", escreveu.

Assagem diz ainda que as revelações através da difusão de milhares de documentos militares americanos sobre o Iraque e o Afeganistão, assim como mensagens diplomáticas americanas "não prejudicam ninguém. No texto, ele compara a campanha de revelações do WikiLeaks com as reportagens realizadas durante a Primeira Guerra Mundial por Keith Murdoch, o pais do magnata da notícia australiano-americano Rupert Murdoch.

Keith Murdoch denunciou a forma com que os generais britânicos travaram a batalha de Gallipoli, cidade da parte europeia da Turquia, onde morreram milhares de soldados australianos. "Quase um século depois, o WikiLeaks também publica sem medo os fatos que devem ser tornados públicos", enfatizou. O artigo na íntegra pode ser lido neste link (em inglês).

Prisão
Em um comunicado, a Scotland Yard informou que Assange foi detido por volta das 9h30 (horário local, 7h30 de Brasília). Ontem ele havia marcado um horário para se apresentar em uma delegacia. Promotores suecos emitiram um mandado de prisão para o australiano de 39 anos, que é procurado na Suécia sob suspeita de cometer crimes sexuais, acusação que ele nega.

"Agentes da unidade de extradições da polícia metropolitana prenderam nesta manhã Julian Assange em nome das autoridades suecas por suspeita de estupro", declarou a polícia. A polícia acrescentou que Assange recebeu uma acusação de coerção ilegal, duas acusações de assédio sexual e uma de estupro, todas elas supostamente cometidas em 20 de agosto.

Ontem o advogado britânico de Assange havia declarado que estava organizando um encontro entre seu cliente e a polícia. "No fim da tarde recebi um telefonema da polícia para dizer que receberam o pedido de extradição da Suécia", declarou Mark Stephens. "Estamos tomando providências para nos reunirmos com a polícia voluntariamente a fim de facilitar o interrogatório de que precisam", afirmou, na oportunidade.

Segundo o NYT, as acusações são baseadas em encontros sexuais com duas mulheres. As relações, que começaram consentidas pelas envolvidas, acabaram não consentidas quando Assenge não quis mais usar camisinha. A Suécia expediu o primeiro mandado de prisão para Assange em 18 de novembro, mas a ação foi invalidada por um erro processual. Um novo mandado foi emitido em 2 de dezembro.



Fonte: Redação Terra
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