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Europa

Anistia Internacional pede intervenção de Berlusconi na Líbia

22 fev 2011 - 16h49
(atualizado às 17h33)
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A organização humanitária Anistia Internacional enviou uma carta ao chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, pedindo sua intervenção ante as autoridades líbias para que respeitem os direitos humanos, indicou a entidade nesta terça-feira em Roma.

O premiê italiano Silvio Berlusconi fala durante reunião para discutir a crise na Líbia
O premiê italiano Silvio Berlusconi fala durante reunião para discutir a crise na Líbia
Foto: AP

Na carta, a AI solicita ao governo italiano "que use sua longa e forte relação com as autoridades líbias para pôr fim de forma imediata e sem condições às graves agressões aos direitos humanos cometidas na Líbia", sustenta a ONG.

Na nota, a entidade condena o uso "excessivo da força, inclusive de armas letais" contra os manifestantes e pede a suspensão do "fornecimento de armas, munições e equipamentos como veículos blindados e meios aéreos" à polícia e ao exército deste país.

A AI também pede a suspensão "das operações conjuntas" de controle da migração realizadas pelas forças de segurança líbias.

O líder líbio Muamar Kadafi garantiu nesta terça-feira que permanecerá no poder apesar da onda de protestos que, há uma semana, exigem sua renúncia.

Berlusconi convocou nesta terça-feira seus ministros para analisar a crise líbia, ante a ameaça da chegada em massa de imigrantes clandestinos e as graves repercussões para a economia da Itália, pelo enorme volume de negócios com sua ex-colônia.

Os laços econômicos entre Itália e Líbia foram reforçados a partir de 2008 com a assinatura de um acordo histórico, no qual Roma comprometeu-se a repassar ao país US$ 5 bilhões em 25 anos a título de indenização para cicatrizar as feridas do colonialismo.

O acordo permitiu à Itália assinar diversos contratos e se beneficiar de uma chuva de "petrodólares".

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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