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Europa

Anders Behring Breivik, de rapaz comum a autor de uma chacina

24 jul 2011 - 14h56
(atualizado às 16h30)
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Sob a aparência de um tipo comum e sem problemas, o norueguês Anders Behring Breivik passou cerca de dois terços da vida a amadurecer um projeto extremista que, segundo tudo leva a crer, transformou-o num dos assassinos mais sanguinários da história.

Anders Behring Breivik, confessou ser o autor dos atentados que deixaram 93 mortos na Noruega
Anders Behring Breivik, confessou ser o autor dos atentados que deixaram 93 mortos na Noruega
Foto: AFP

Alto e louro, Behring Breivik, 32 anos, é suspeito de autoria da chacina que custou a vida de 93 pessoas na sexta-feira - fato esse que ele admitiu ser cruel, mas "necessário", segundo seu advogado. Se suas motivações ainda são um mistério, sua determinação não levanta nenhuma dúvida. No próprio dia do massacre, ele publicou um longo manifesto na internet no qual detalha seu compromisso ideológico contra o Islã e o marxismo nos nove últimos anos, até o momento fatídico, no outono de 2009, quando decidiu passar à ação.

Apresentando-se como um cruzado, explica como se camuflou para não ver o projeto naufragar prematuramente. "Para mim, tinha um ar ligeiramente superior", conta Emil Finneruo, um vizinho que frequentou a mesma escola. "Mas era muito limpo e ninguém poderia suspeitar dele", acrescentou.

Segundo sua própria confissão, Behring Breivik teve uma infância comum, com um pai diplomata e a mãe enfermeira, que se divorciaram quando era ainda bebê. "Tive uma educação privilegiada com pessoas responsáveis e inteligentes em volta", escreveu ele no manifesto. E jamais teve problemas de dinheiro. Sua única tristeza foi a de usufruir de "um excesso de liberdade".

"Quando era mais jovem, era um rapaz comum, mas retraído. Não se interessava pela política nesta época", confiou seu pai - com quem Anders perdeu o contato aos 15 anos -, segundo o jornal norueguês VG.

Em 1999, aderiu ao Partido do Progresso (FrP), uma formação da direita populista. Rescindiu a adesão em 2006. Escreveu mais tarde na internet que considerava o partido muito aberto às "expectativas multiculturais" e aos "ideais suicidas de humanismo"."Os que o conheceram quando era membro da organização dizem que era um pouco tímido e que raramente tomava parte nas discussões", reagiu o FrP.

"Ser 'skinhead' jamais foi uma opção para mim. Seus códigos de vestimentas, suas escolhas musicais são pouco atraentes", acrescentou ele. No perfil do Facebok, Behring Breivik se diz 'conservador', 'cristão', interessado pela caça e por jogos como 'World of Warcraft' e 'Modern Warfare 2'.

A propriedade de uma pequena fazenda agrícola permitiu a ele, sem levantar suspeitas, comprar seis toneladas de fertilizantes químicos, que poderiam ter entrado na composição de explosivos.

Tragédia na Noruega
A Noruega viveu na última sexta-feira, dia 22, a maior tragédia do país desde a Segunda Guerra Mundial. Dois atentados deixaram, até o momento, um saldo de 93 mortos. Primeiro, uma bomba explodiu no centro da capital, Oslo, na região onde estão localizados vários prédios governamentais, inclusive o escritório do premiê, Jens Stoltenber. Sete pessoas morreram, mas a polícia admite possa haver corpos não resgatados nos prédios.

A segunda tragédia aconteceu em uma ilha próxima da capital, Utoya. Lá, Anders Behring Breivik, um homem de 32 anos vestido com uniforme da polícia, abriu fogo contra jovens reunidos em um acampamento de verão. Ao menos 86 morreram, a maioria pelos tiros disparados. Alguns outros morreram afogados após tentarem fugir nadando. Anders foi detido logo depois, pela polícia, e admitiu o crime. O atirador, que é ligado à extrema-direita e publicou um manifesto na internet chamando à violência contra muçulmanos e comunistas, também tem envolvimento no ataque em Oslo. Ele deve prestar depoimento na segunda-feira.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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