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Europa

Aluno que matou professor a flechadas chorou como criança

Professor que conseguiu acalmar o aluno disse que ele desabou em prantos após se dar conta do crime que cometeu

21 abr 2015 - 13h00
(atualizado às 13h40)
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Familiares aguardam informações sobre feridos em ataque em escola na Espanha
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Foto: Reuters

O menino de 13 anos que matou um professor na segunda-feira, em uma escola de Barcelona, armado com uma besta (espécie de arco e flecha com gatilho) e uma faca, desabou a chorar ao se dar conta do que havia feito, explicou nesta terça-feira uma testemunha dos fatos.

Em uma entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal El Periódico, o professor de educação física do instituto Joan Fuster, David Jurado Fernández, relatou como conseguiu acalmar o aluno depois de ele ter matado um professor e ferir dois alunos e um outro professor.

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David estava no pátio da escola secundária quando começou o pânico. Viu alunos correndo e gritando "tem uma faca, está louco, quer matar todo mundo" e o diretor tirando todos os alunos das salas.

Então quando viu, correndo pelos corredores, o aluno com uma faca na mão e uma jaqueta militar, foi em busca de um bastão tentar pegar o menor dentro do prédio. "Era como em um filme de terror. As pessoas fugiam perdendo coisas pelo chão", recordou na entrevista.

David encontrou com o jovem em uma sala do segundo andar, onde na entrada havia um corpo deitado de bruços. O menor, que segundo as primeiras investigações teria sofrido um surto psicótico, levava uma faca, uma besta e estava preparando um coquetel molotv com uma garrafa de cerveja vazia, afirmou o professor.

Segundo seu relato, o jovem delirava e repetia em voz alta seus objetivos enquanto o professor se aproximava. "Mostrei a ele, com muita tranquilidade, que ele estava fazendo muito mal às pessoas, mais do que ele pensava", afirmou.

Desta forma, David conseguiu que o menor se desfizesse de suas armas e permitiu que se aproximasse. "Então ele desabou; eu o abracei e ele começou a chorar como uma criança, como a criança para quem eu dava aula", relembrou o professor.

Este acontecimento, a primeira morte por agressão em um instituto de ensino espanhol desde o final da ditadura franquista (1939-1975), comoveu o país. O governo catalão decretou um dia de luto enquanto todas as escolas da região respeitaram nesta terça-feira um minuto de silêncio em homenagem ao professor de 35 anos assassinado.

A agressão aconteceu por volta das 9h15 no instituto Joan Fuster, um colégio considerado tranquilo com quase 500 alunos e 40 professores em um bairro de classe média da cidade. Ao chegar para a aula, o jovem teria atacado uma professora e outra aluna de sua classe, de acordo com a imprensa.

O professor da sala ao lado, que trabalhava há poucos dias na escola como substituto, correu para ver o que acontecia e foi atacado, o que teria provocado sua morte.

O agressor feriu outras quatro pessoas, duas professoras e dois alunos, e todos estão fora de perigo, segundo a diretora da escola, Maria Dolors Perramon.

Segundo os colegas, o menino não parecia alguém capaz de fazer algo assim e a única coisa diferente era que gostava do tema militar, do exército, das armas. Às vezes comparecia à escola com calças com estampa de camuflagem militar.

Como ainda não completou 14 anos, a lei espanhola impede qualquer acusação formal contra o menor, que está a cargo da unidade de psiquiatria de um hospital de Barcelona. Depois ficará à disposição dos serviços de atendimento à infância da região.

As aulas foram suspensas até quarta-feira. A escola e o governo disponibilizaram atendimento médico e psicológico aos alunos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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