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Mundo

Alemanha lembra construção do Muro de Berlim 50 anos depois

8 ago 2011 - 12h19
(atualizado às 13h02)
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A Alemanha começou nesta segunda-feira a comemorar, em uma semana recheada de homenagens, debates e exposições, o 50º aniversário da construção do Muro de Berlim, o símbolo da Guerra Fria que, após sua queda, ainda divide os berlinenses.

Uma homenagem às vítimas da divisão, uma visita guiada por Bernauer Strasse - a rua berlinense que simboliza a partilha da cidade -, uma mesa-redonda e um ousado show de ficção política configuraram o pontapé inicial dos atos comemorativos.

O prefeito de Berlim, o social-democrata Klaus Wowereit, inaugurou na manhã desta segunda-feira um monumento em lembrança às vítimas do Muro em Teltow, cidade próxima a Berlim e um ponto no qual pelo menos 20 fugitivos da República Democrática Alemã (RDA) foram mortos.

O 50º aniversário da construção do Muro, destacou Wowereit, "é uma ocasião especialmente adequada" para lembrar "aqueles que foram assassinados" ao tentar atravessá-lo; pelo menos 136 pessoas, de acordo com o número oficial.

Além disso, estão previstos dezenas de eventos, como exposições fotográficas, representações teatrais, vigílias noturnas e sessões cinematográficas temáticas.

Nesta programação, o destaque é a homenagem que será feita no dia 13 de agosto, exatamente 50 anos depois que a RDA fechou sua fronteira, pelo presidente alemão, Christian Wulff, e pela chanceler Angela Merkel no monumento em lembrança às vítimas da Bernauer Strasse.

Um dos atos será a entrega ao ex-chanceler Helmut Kohl, conhecido como o "chanceler da Unificação", de um segmento original do Muro de 3,6 m de altura e 2,7 t de peso.

A homenagem, promovida pelo jornal Bild, acontecerá na terça-feira no jardim da residência de Kohl, onde ficará instalado o bloco do muro, em Ludwigshafen, no oeste do país.

Até os serviços secretos germânicos se somaram à comemoração com a publicação de cinco mil documentos secretos sobre o Muro, datados dos anos e meses prévios à sua construção.

Nesta avalanche de iniciativas, públicas e privadas, segundo Wowereit, não vai haver "lugar para nostalgia ou compreensão", já que o Muro de Berlim "foi e é um símbolo da política desumana e ditatorial".

No entanto, uma fronteira invisível segue cruzando Berlim 22 anos depois da queda do Muro. Uma recente enquete do instituto Forsa para o jornal local Berliner Zeitung apontou que mais de um terço dos habitantes da atual capital consideram que a decisão de levantar o Muro em 1961 foi "acertada".

Entre os antigos cidadãos de Berlim oriental a porcentagem dos que pensam assim cresce para 59%, enquanto entre os antigos habitantes do Oeste esse número cai para 31%.

O comentarista alemão Marco Krefting afirmou na semana passada que o Muro se levantou e caiu "da noite para o dia", mas que "na cabeça das pessoas segue de pé".

"Os alemães do leste e do oeste encontraram poucos pontos em comum", declarou, acrescentando que uns seguem se referindo aos outros como "ossis" e "wessis", como se denominavam de forma depreciativa os antigos alemães orientais e ocidentais, respectivamente.

As diferenças afetam também o plano econômico: os estados federados da antiga RDA são significativamente mais pobres que os do oeste e sua taxa de desemprego é o dobro da registrada no resto do país.

No entanto, os analistas consideram que essa divisa invisível de Berlim está sendo apagada com a passagem do tempo, pela mudança geracional e a chegada de novos habitantes.

De fato, a pesquisa da Forsa comprovou que a grande maioria daqueles que chegaram à cidade após a queda do Muro (75%) desaprovam sua construção.

Por sua parte, o historiador da Universidade Livre de Berlim, Klaus Schroeder, considerou em seu último livro que para os jovens alemães a divisão do país "já não é um tema", uma vez que compartilham menos as opiniões de seus pais e classificam o regime do leste como ditatorial.

EFE   
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