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Europa

Alemanha enviará armamento às tropas curdas no Iraque

Objetivo é armar um contingente de quatro mil soldados em país que vive situação "extremamente crítica"

31 ago 2014 - 21h01
(atualizado às 21h03)
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O governo da Alemanha enviará mísseis antitanque, metralhadoras, fuzis de assalto e lança-granadas aos curdos que lutam contra os jihadistas do Exército Islâmico (EI) no norte do Iraque, decisão que se mostra controversa para um país que nunca havia dado esse passo em zonas em guerra.

O acordo foi anunciado hoje em uma entrevista coletiva convocada pelos ministros da Defesa, Ursula von der Leyen, e das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, após a conclusão da reunião que a chanceler alemã, Angela Merkel, presidiu em Berlim com o núcleo de seu governo.

O objetivo, segundo Von der Leyen, é armar um contingente de quatro mil soldados que lutam contra a "brutalidade impiedosa" do EI em um país que vive uma situação "extremamente crítica".

O lista de armas que serão enviadas pela Alemanha ao norte do Iraque inclui 30 mísseis antitanque Milan, 40 metralhadoras MG3, 8 mil fuzis de assalto G36, 40 metralhadoras MG3, 8 mil pistolas, 240 lança-granadas e 10 mil granadas de mão.

No entanto, Merkel também deverá analisar o projeto com seus parceiros de coalizão, os conservadores bávaros da União Social-Cristã (CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD), antes de comparecer amanhã em uma sessão extraordinária do Bundestag (câmara baixa).

A grande coalizão garante um amplo respaldo parlamentar, embora, segundo as últimas enquetes, mais de 60% dos alemães sejam contra o envio de armas, assim como a oposição, também contrária ao acordo, que também inclui 50 milhões de euros em ajuda humanitária para a região.

A coalizão de governo decidiu submeter essa decisão ao voto dos parlamentares, embora sua opinião não seja vinculativa, já que não inclui o envio de tropas. Conservadores e social-democratas somam 504 cadeiras, enquanto a oposição, formada pelos Verdes e pela Esquerda, contém apenas 127.

O ministro alemão de Economia, Sigmar Gabriel, líder dos social-democratas, reconheceu que essa é "uma das decisões mais difíceis" de sua vida, embora tenha rejeitado que haja divisão em seu partido. "Frente ao risco que mais adiante ocorra algo com essas armas que não desejamos, está a segurança de milhares de pessoas que estão sendo assassinadas na região", ressaltou o político pouco antes da reunião da cúpula do governo.

O envio de armas será "limitado" e, segundo o titular das Relações Exteriores, o Executivo se assegurará que não será armazenada em um arsenal no Curdistão. Seis membros do Exército alemão já se encontram em Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano, para organizar a chegada e a repartição do armamento.

Mas, esses argumentos não convencem os ex-comunistas da Esquerda, que aprovaram uma resolução prévia ao debate parlamentar em que pedem o fim das exportações de armas e acusam o governo federal de violar a lei com o envio de armamento a uma zona em guerra.

Na opinião da Esquerda, com esse respaldo a um dos atores em conflito, o governo alemão toma parte na guerra, quando deveria se concentrar em lutar contra o apoio que o Estado Islâmico recebe de países como a Arábia Saudita e Catar. Por sua parte, os líderes do grupo parlamentar dos Verdes confiaram em que a maioria de seus membros também deverá apoiar o envio de armas, embora não haja unanimidade no partido.

A medida, segundo os Verdes, poderá aumentar a instabilidade da região, como ocorreu na Líbia e na Síria, já que ninguém pode saber onde essas armas vão parar e contra quem eles serão utilizadas no futuro.

EFE   
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