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Europa

Alemães recordam dia em que a queda do muro mudou o mundo

9 nov 2009 - 16h23
(atualizado às 18h26)
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Enquanto admiram as peças do dominó gigante que, como o Muro de Berlim há 20 anos, será colocado abaixo durante a "Festa da Liberdade" no Portão de Brandenburgo, os alemães compartilham nesta segunda-feira sonhos e decepções recordando a marcante data de 9 de novembro de 1989.

Crianças olham através de uma abertura em uma parte do Muro de Berlim, onde foram depositadas rosas
Crianças olham através de uma abertura em uma parte do Muro de Berlim, onde foram depositadas rosas
Foto: Luis Tittanegro / vc repórter

Como a chanceler Angela Merkel, que participa em todas as cerimônias organizadas pela data, os alemães desafiaram o frio e a umidade do dia para recordar aquela histórica noite.

Uma mulher narra a alegria de poder se reunir com sua família depois de anos de amarga separação.

"Eu escapei para o oeste através do Checkpoint Charlie, escondida num carro, há 35 anos", conta Thekla Koehler, de 59 anos, examinando os coloridos dominós instalados no local onde antes se erguia a odiada barreira.

"Fugi por amor. Conheci meu futuro marido, que vivia em Berlim Oriental, quando ele foi visitar sua família em Dessau (RDA). Nos apaixonamos e me dediquei sozinha a preparar minha fuga".

Durante 15 anos, os únicos contatos com seus pais e irmãos se limitaram a algumas cartas, até que o muro caiu.

Kristel Ucar, de 61 anos, professora aposentada, recorda que em 9 de novembro foi para frente do muro, junto ao Reichtag, com sua filha, uma amiga e as filhas dela.

"Elas deviam ter uns dez anos. A gente as levantou para que pudessem passar pelo muro".

Ela fugiu quando tinha seis anos, antes da construção do muro concluir, e junto com seus pais foram de trem para a Baviera.

Admitindo suas simpatias pela esquerda, confessa sua decepção porque a RDA não conseguiu criar "um socialismo humanizado".

"Virou uma ditadura porque o socialismo não vinha da base, e sim foi imposto por seus dirigentes. No final, a queda do muro foi um alívio para todos, um momento de grande alegria", recorda.

Karl-Heinz Buchholz, que agora tem 63, era uma das 30.000 pessoas que naquele dia comemoraram a sensação de liberdade em Berlim Oriental, apesar de ter passado um ano na prisão quando era mais jovem.

"Quando voltávamos para casa, ouvimos no rádio que o muro havia caído e fui direto para lá", conta este assistente social aposentado.

Privado de sua carteira de identidade e do direito de viajar depois de sua prisão pela Stasi quando tinha 19 anos, Buchholz se apressou em conhecer o Ocidente.

Buchholz não compreende as pessoas que sentem falta do antigo regime, um fenômeno chamado "Lestalgia", uma contração das palavras "leste" e "nostalgia".

No entanto, segundo pesquisa publicada esta semana, 11% dos alemães acham que a reunificação alemã, realizada em 1990, foi uma decisão errada.

Thekla K¶hler explica que muitos ex-alemães orientais estão decepcionados com a diferença econômica entre as duas partes do país, com, por exemplo, um desemprego duas vezes mais elevado na antiga RDA.

Flores e velas

Muitos alemães visitaram o que restou do muro para deixar flores. Na rua Bernauer Strasse, cujo muro percorria, algumas pessoas acenderam velas em homenagem às vítimas do período em que o país era dividido.

A via ficou famosa por ser a primeira parte do território ocidental que era alcançado por fugitivos do da Alemanha oriental.

AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservados. Clique aqui para limitações e restrições ao uso.

Colaborou com esta notícia o internauta Luis Tittanegro, de Berlim (Alemanha), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

vc repórter
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