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Europa

Ajustada vitória conservadora ameaça levar Bulgária a uma crise política

12 mai 2013 - 19h49
(atualizado às 20h13)
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Os conservadores búlgaros do ex-primeiro-ministro Boiko Borisov despontam como vencedores nas eleições legislativas do país, embora com um resultado no qual não poderão governar o país, indicaram todas as pesquisas de boca de urna.

Se for confirmado o resultado, pode acontecer a maior instabilidade política e econômica no país balcânico, dadas as grandes dificuldades para formar uma coalizão com qualquer um dos três partidos com representação parlamentar.

De acordo com as pesquisas, a formação conservadora Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB) somou entre 31 e 33% dos votos, entre três e seis pontos na frente do Partido Socialista.

Outros dois partidos superariam o resultado mínimo de 4% para entrar no Parlamento de 240 cadeiras, o partido da minoria turca DPS, com cerca de 10%, e o ultranacionalista Ataka, com entre 7 e 8%.

Com estas projeções de votos, o instituto demoscópico Alpha Research calcula que os conservadores teriam 97 deputados, os socialistas 85 cadeiras, enquanto o DPS teria 34 representantes e o Ataka 24.

Conservadores e socialistas já descartaram qualquer tipo de acordo. A única coalizão com a qual parecia possível fazer um acordo era entre centro-direita e a minoria turca, embora o líder desta última formação, Lyutvi Mestan, qualificou hoje o GERB de autoritário e desprezou essa opção.

"Em tal situação e por falta de uma maioria no Parlamento, a única opção são novas eleições", disse o analista político Antonio Todorov em entrevista à televisão "BNT".

Outra possibilidade é a apontada pela ex-ministra conservadora de Fomento Lilyana Pavlova. "Um Governo de minoria para manter a estabilidade social do país", uma fórmula inédita e que os analistas não veem com bons olhos.

A participação eleitoral não teria chegado nem a 50%, um dos números mais baixos de participação nos últimos 23 anos de democracia, segundo todas as pesquisas.

Os primeiros resultados oficiais são esperados, como em breve, para a madrugada, depois que o processo de apuração começou com várias horas de atraso.

Um pouco antes do fechamento dos colégios eleitorais, centenas de pessoas se concentraram para protestar perante o Palácio Nacional da Cultura, onde os dirigentes políticos oferecem suas entrevistas coletivas sobre a jornada eleitoral.

Decepcionados pelos resultados e acusando os conservadores de fraude eleitoral, os manifestantes trataram de entrar no edifício enquanto gritavam "máfia", a palavra que empregam para qualificar a classe política.

Esta é a primeira vez, desde a queda do comunismo em 1990, que aconteceu um protesto deste tipo contra os resultados eleitorais.

A polícia conseguiu deter os manifestantes e organizar um cordão ao redor do edifício, enquanto eram atingidos por ovos e algumas bengalas.

As eleições foram realizadas hoje após a queda do Governo do populista Borisov em 20 de fevereiro, depois de uma onda de protestos no país mais pobre da União Europeia (UE).

Na Bulgária, onde o salário médio é de 350 euros mensais e as pensões não chegam a 100 euros, os altos preços da eletricidade e do gás em pleno inverno foram o detonante da ira popular que fez cair ao Executivo.

As políticas de austeridade aplicadas por Borisov geraram um grande mal-estar em amplas camadas sociais de um país no qual o desemprego subiu de 8% em 2008 até 12% este ano.

Segundo os últimos dados do Eurostat, 22% dos 7,3 milhões de habitantes do país vivem com o salário mínimo de 155 euros, enquanto quase metade da população -49%- corre o risco de cair na pobreza.

A apatia dos eleitores e sua desilusão com a classe política marcou uma campanha que também foi envolvida em um escândalo de escutas ilegais.

A sombra da fraude eleitoral também esteve presente e hoje a Justiça búlgara condenou um homem a cinco meses de prisão por tentar comprar votos. No sábado, a procuradoria encontrou 350 mil cédulas eleitorais fraudulentas no armazém de um deputado.

EFE   
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