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Europa

Advogado: Suécia transforma Assange em inimigo público nº 1

11 fev 2011 - 14h09
(atualizado às 19h36)
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Um advogado de Julian Assange tentou, em vão, esta sexta-feira, fazer com que a audiência do tribunal britânico que examina a extradição do fundador do site de divulgação de documentos secretos WikiLeaks fosse adiada, alegando que o primeiro-ministro sueco, Frederik Reinfeld, impediu que ele tivesse um julgamento justo na Suécia, ao transformá-lo em "inimigo público número 1".

Assange, que a Justiça sueca quer interrogar no âmbito de um suposto caso de estupro, é "o inimigo público número 1, segundo as declarações do primeiro-ministro" sueco, Fredrik Reinfeldt, afirmou um de seus advogados de defesa, Geoffrey Robertson.

"Em um país pequeno (como a Suécia), suas afirmações criaram uma atmosfera tóxica", acrescentou.

Reinfeldt considerou, na quarta-feira, "lamentável que os direitos das mulheres e seus pontos de vista sejam tão pouco levados em conta" pela defesa de Assange. Também sustentou que o seu país tinha "um sistema judicial independente", ao contrário das insinuações dos advogados do fundador do WikiLeaks.

O advogado pediu que seja permitido que leve provas adicionais sobre a forma como estes comentários poderiam ter afetado o caso.

A Suécia quer extraditar Assange para interrogá-lo no âmbito de acusações de que ele teria violentado e agredido sexualmente duas mulheres, embora não tenha sido formalmente acusado.

No entanto, este australiano de 39 anos, que nega as acusações, embora admita ter mantido relações sexuais com as duas mulheres, sustenta que o caso é motivado politicamente pelo vazamento de milhares de documentos confidenciais da diplomacia americana e documentos secretos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão.

Clare Montgomery, a advogada britânica que representa a Suécia, qualificou o argumento de Robertson de "hipérbole" e o juiz distrital Howard Riddle, que preside o tribunal que deve decidir sobre sua extradição, repudiou a tentativa.

Assange saberá em 24 de fevereiro se o magistrado decidiu a favor de sua extradição para a Suécia, informaram fontes do tribunal esta sexta-feira.

Depois de três dias de argumentos legais, o juiz Howard Riddle determinou ao fundador do WikiLeaks que se apresente novamente ao Tribunal de Magistrados de Belmarsh em 24 de fevereiro.

Assange estava no banco dos réus. Ele chegou a este tribunal no sul de Londres acompanhado dos advogados e da porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson.

A batalha judicial se anuncia longa, pois as duas partes têm numerosas possibilidades de apresentar recursos.

O australiano desmente formalmente as acusações de agressão sexual e estupro que duas suecas apresentaram contra ele por fatos ocorridos em agosto do ano passado na Suécia.

Os advogados de Assange consideram que o fato de que a Justiça sueca queira interrogá-lo não justifica sua extradição. Também sustentam que os atos atribuídos a seu cliente não são delitos para a lei britânica.

O estupro tem uma definição muito mais ampla que em outros países na Suécia, o que faz deste o país europeu que registra o maior número de denúncias.

A Suécia lançou uma ordem de captura internacional contra Assange no fim do ano passado. O fundador do WikiLeaks foi detido no começo de dezembro, em Londres, e depois libertado sob fiança.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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