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Europa

Acusado de cobrar propinas, tesoureiro de principal partido catalão é detido

21 out 2015 - 15h29
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A Guarda Civil da Espanha fez nesta quarta-feira uma operação de busca e apreensão na sede do principal partido da Catalunha, a CDC, e deteve o tesoureiro da legenda, Andreu Viloca, por suspeita de cobrar propina, embora o líder do partido e presidente da região, Artur Mas, tenha classificado a ação como uma resposta a seu processo independentista.

Artur Mas convocou hoje a imprensa para o ato de assinatura do decreto que constituirá na próxima segunda-feira o parlamento regional, após as eleições locais de 27 de setembro, vencida pela chapa formada por representantes da CDC (Convergência Democrática da Catalunha), de um partido nacionalista de esquerda e de movimentos sociais.

No entanto, poucas horas antes do evento, agentes da Guarda Civil entraram com mandado judicial na sede da legenda para realizar uma operação de busca e apreensão e deter Viloca.

Também foram detidos o diretor de Infraestruturas do governo catalão e vários empresários por suspeitas de terem pagado propinas ao partido nacionalista.

A investigação visa esclarecer se a CDC recebeu comissões ilegais de 3% de várias empresas em troca da concessão de obras públicas da administração regional catalã e de municípios governados pelo partido, que está no poder na Catalunha desde 1980, exceto por um período de sete anos entre 2003 e 2010.

Os agentes levaram documentos sobre contratos, que agora serão analisados pela perícia. Houve busca e apreensão também em outras sedes de empresas e prefeituras.

Em agosto, a justiça havia ordenado operação semelhante em uma fundação vinculada à CDC e em várias prefeituras, onde os agentes apreenderam documentos referentes a várias obras públicas.

A reação do presidente catalão e líder da CDC, Artur Mas, foi afirmar que se sente "objeto de caça" dessa investigação. Ele ainda criticou a "superatuação" da promotoria e a vinculou ao processo de defesa da soberania catalã.

As eleições de 27 de outubro foram vencidas pela chapa unitária de Mas - a Junts pel se, que conquistou 62 cadeiras, apenas seis de alcançar a maioria absoluta.

Essa lista apoia a separação da Catalunha do resto da Espanha, o que o governo central, do PP (centro-direita) e o primeiro partido da oposição (PSOE, socialistas) consideram inconstitucional.

As tentativas dos nacionalistas catalães no ano passado de promover uma consulta sobre a soberania foram rechaçadas pelo Tribunal Constitucional.

O próprio Mas prestou depoimento há poucos dias em um tribunal de Barcelona sob acusação de ter realizado irregularmente uma consulta popular informal em novembro de 2014 para que os cidadãos da Catalunha opinassem sobre serem a favor ou contra a independência.

Artur Mas quer se manter no cargo de presidente da Catalunha (o equivalente a governador no Brasil), uma região com 7,5 milhões de habitantes e responsável por 19% do PIB espanhol.

No entanto, para isso, Mas deverá contar com o apoio de outra legenda independentista, a CUP, de linha radical de esquerda, que já disse várias vezes que não apoiará o atual líder por identificá-lo com uma política de cortes sociais e corrupção.

Os partidos não nacionalistas pediram hoje a desistência de Mas à sua pretensão de se manter à frente do governo catalão.

Já o ministro da Justiça do governo espanhol, Rafael Catalá, pediu respeito à independência judicial e garantiu que ações como a revista da sede do CDC são a garantia do bom funcionamento do Estado de Direito.

EFE   
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