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Mundo

Acidente de Chernobyl foi equivalente a até 500 bombas atômicas

20 abr 2011 - 13h36
(atualizado às 15h48)
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Em 26 de abril de 1986, a explosão do reator 4 da central de Chernobyl (Ucrânia, antiga União Soviética) desencadeou o maior acidente nuclear da história, que lançou à atmosfera uma radioatividade equivalente a entre 100 e 500 bombas atômicas como a de Hiroshima.

Causad do acidente

Construída nos anos 1970 a 16 km da fronteira com Belarus, Chernobyl era a maior usina nuclear soviética, com quatro reatores operativos e mais dois em construção, todos eles do tipo RBMK. Projetados para uma dupla função - produzir energia e ao mesmo tempo plutônio para uso militar -, apresentavam graves problemas de segurança.

Havia necessidade de extrair com frequência os canos de combustível e os reatores careciam de um sistema de contenção que impedisse a dispersão do material em caso de acidente. Além disso, havia problemas na refrigeração e era possível fazer a usina funcionar com os sistemas de segurança desativados.

Entre as hipóteses das causas do acidente, há o erro humano, o projeto falho do reator e a realização de um teste de segurança.

Os técnicos aproveitaram o fechamento do reator 4 para tarefas de manutenção para experimentar por quanto tempo as turbinas poderiam abastecer o sistema de refrigeração, em caso de que a fonte de energia exterior fosse cortada. Ao reduzir o fluxo de água no reator, sua potência se multiplicou por 120, elevando a temperatura do núcleo para acima de 2.300 graus em poucos segundos, o que produziu sua fusão.

A primeira explosão, registrada às 01h23 de 26 de abril, lançou ao ar a nuvem de mil toneladas e grande quantidade de combustível e grafite. A segunda desencadeou um incêndio que durou nove dias.

Consequências

A nuvem radioativa alcançou primeiro Belarus e continuou em direção à Escandinávia, Europa Central (principalmente Áustria e Alemanha) e Reino Unido, entre outros. Os empregados da usina nuclear sueca de Forsmark, a 1.100 quilômetros de Chernobyl, foram os primeiros a dar o alarme. Só então, sob pressão internacional, o governo soviético admitiu a catástrofe, em 28 de abril.

Segundo cálculos de especialistas ucranianos, o acidente tirou a vida de mais de 100 mil pessoas, embora organizações ambientalistas elevem o número para 200 mil.

Depois de 25 anos, a radiação continua afetando milhares de habitantes de Belarus, Ucrânia e Rússia, onde ficam 70% dos quase 200 mil quilômetros quadrados de terras contaminados.

Por efeito imediato da explosão, 62 pessoas morreram (19 não confirmadas), segundo um relatório do Comitê Científico das Nações Unidos publicado em fevereiro de 2011. A maioria foi registrada entro os chamados "liquidadores", pessoas mobilizadas para apagar o incêndio e para construir o sarcófago de concreto que demorou sete meses e vedou o reator.

No entanto, a demanda por energia fez com que Chernobyl continuasse funcionando por mais 14 anos.

Seu fechamento definitivo foi possível após um acordo firmado em 1995 com o grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G7), que forneceram mais de US$ 7 bilhões para programas de assistência e créditos para construir dois novos reatores no oeste da Ucrânia (Khmelnitskiy 2 e Rivne 4).

Desde 1997, foram realizadas conferências de doadores para arrecadar fundos destinados a reforçar o sarcófago do quarto reator e em 2010 começou a construção de um novo, que se prevê que garanta a segurança da usina até o próximo século.

A Ucrânia se propõe a desativar totalmente a central e o território adjacente até 2018 e "enterrar para sempre" as 200 toneladas de combustível nuclear que ainda estão armazenadas no local.

Poluição radioativa

Seis toneladas de dióxido de urânio foram lançadas, além de substâncias como o iodo 131 (que permanece ativo por uma média de 8 dias), o estrôncio e o césio 137 (30 anos), o americio 241 e o plutônio 239 (milhares de anos), embora as partículas de maior dimensão tenham ficado restritas a um raio de 100 quilômetros em torno da usina.

O material depositado no solo foi parar em rios com a chuva, que contaminou 784.320 hectares de cultivos, a maioria em Belarus.

Segundo o Greenpeace Rússia, a superfície contaminada com césio-137 fora dos três países mais afetados (Ucrânia, Rússia e Belarus) foi de 45.260 quilômetros quadrados.

A nuvem radioativa se estendeu principalmente em direção à Escandinávia, Áustria, Alemanha, Suíça, França e Reino Unido.

Segundo estatísticas oficiais, 2.300 povoados e aldeias em 12 regiões da Ucrânia ficaram contaminados com radioatividade, o que obrigou a transferência de centenas de milhares de pessoas.

Durante os primeiros dias que sucederam a explosão, em uma operação oficial secreta, mais de 850 mil militares, operários, engenheiros, e especialistas de toda a União Soviética foram mobilizados à região do acidente.

Custos

A catástrofe custou centenas de bilhões de dólares em despesas diretas e indiretas na Ucrânia, Rússia e Belarus, onde um total de 350 mil pessoas foram deslocadas e sete milhões recebem algum tipo de amparo social. Além disso, o cultivo foi extinto em 784.320 hectares de terras e em outros 694.200 hectares de florestas.

EFE   
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