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Oriente Médio

Para republicana, "aborto não é questão de direitos da mulher"

2 nov 2012 - 10h18
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Carla Ruas
Direto de Wyoming

Quando ainda era um território, em 1869, Wyoming aprovou o voto feminino na sua primeira sessão legislativa, inaugurando o movimento de sufrágio nos Estados Unidos. Mas, quase um século e meio depois, o direito das mulheres é um assunto polêmico nas votações da câmara de deputados local. Com 83% dos legisladores republicanos, a maioria se opõe à luta do atual movimento feminino pelo aborto e contracepção, questões apoiadas pelos democratas.

Amy Edmonds é das 13 deputadas mulheres na Câmara de Deputados do Estado do Wyoming
Amy Edmonds é das 13 deputadas mulheres na Câmara de Deputados do Estado do Wyoming
Foto: Donn Bruns/Lifestyle Photography / Divulgação

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Em dia de sessão legislativa, quando uma deputada do partido Democrata sobe ao púlpito para apoiar os direitos reprodutivos, o clima no plenário fica tenso. "Em Wyoming, todo mundo se conhece, então quando escuto um democrata defendendo esta posição, acho um tanto ridículo. Eu me sinto ofendida enquanto mulher", afirma Amy Edmonds, deputada há três mandatos pelo Partido Republicano.

Para Amy, aborto e contracepção não deveriam nem fazer parte da luta pelos direitos das mulheres. "Sou mulher e sou muito pró-vida. Nunca aceitei a ideia de que, porque o corpo é da mulher, ela apode decidir", diz. Sua opinião reflete a do candidato republicano Mitt Romney e do seu vice Paul Ryan - um mórmon e o outro católico - que são contra o aborto, com exceção dos casos que envolvam estupro, incesto e/ou ameaça à vida da mãe.

Os republicanos tendem a repudiar o novo sistema de saúde de Barack Obama, que obriga instituições com filiação religiosa a fornecerem contraceptivos a seus funcionários. A repercussão negativa foi tão forte que o presidente inclusive alterou o texto da lei, fazendo com que estas empresas fiquem isentas do custo. Mesmo assim, Mitt Romney afirmou que vai revogar todo o novo sistema caso seja eleito.

As posições republicanas viraram alvo de grupos feministas como a Organização Nacional pelas Mulheres (NOW), que os acusam de começar uma "guerra" contra o sexo feminino. Mas Amy afirma eles estão apenas apoiando valores que são importantes para a sociedade. "Quem vai defender os direitos dos bebês que foram assassinados? Como que isto não é um problema?", questiona.

Curiosamente, Amy, hoje fortemente conservadora, foi democrata quando estava na faculdade. Ela mudou de lado quando escreveu um artigo contra a presença das mulheres no serviço militar. "Aquilo chocou as pessoas e eles me chamaram de nomes que você nem pode imaginar. E então eu me dei conta que os democratas são muito rígidos, e que eu tinha uma opinião diferente em muitos aspectos, principalmente econômicos", justifica.

Ela serve principalmente nas comissões de agricultura e negócios onde implementa o ideal conservador da liberdade econômica. Foi eleita na sua primeira tentativa, em 2007, e representa a parte sul do Estado, na fronteira com o Colorado. E se orgulha de ser uma das 13 mulheres numa Assembleia Legislativa com 59 deputados homens. Apesar da história do Estado.

Direito ao voto inspira moradoras

Democratas ou republicanas, as moradoras de Wyoming têm orgulho do seu Estado - o primeiro a permitir por lei que as mulheres pudessem votar numa eleição. A heroína foi Esther Hobart Morris, que pressionou pela legislação e logo depois, em 1870, se tornou a primeira juíza dos Estados Unidos. Suas estátuas estão espalhadas pela capital Cheyenne e sua coragem inspira as novas gerações.

Laura Levi, que trabalha no centro de convenções da cidade, afirma que toda menina em Wyoming cresce ouvindo a história de Esther Morris. "Cresci sabendo que as mulheres não devem ser tratadas diferente dos homens e essa noção sempre esteve comigo", afirma. Por outro lado, ela lembra que as mulheres ainda tem muito a conquistar no Estado para realmente viverem em igualdade. Entre os problemas estão os salários desiguais no sistema educacional.

Fonte: Especial para Terra
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