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Estados Unidos

Em debate duro, Biden rebate críticas de Ryan ao governo Obama

11 out 2012 - 22h10
(atualizado em 12/10/2012 às 00h58)
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Em um debate dedicado a temas de política doméstica e externa, o democrata Joe Biden e o republicano Paul Ryan mostraram opiniões fortes na noite desta quinta-feira. Os dois homens entraram no auditório do Centre College às 21h02 locais (22h02 de Brasília) para um debate de 90 minutos, mediado pela jornalista Martha Raddatz, da ABC News. Raddatz fez perguntas a cada um dos candidatos durante nove blocos, e eles tiveram dois minutos cada para responder e comentar. Entre os temas discutidos estiveram questões sensíveis como economia, aborto, Oriente Médio e política de defesa.

Joe Biden e Paul Ryan se enfrentam em debate no Centre College em Danville
Joe Biden e Paul Ryan se enfrentam em debate no Centre College em Danville
Foto: Reuters

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Na pergunta de abertura, Raddatz questionou se o ataque contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia, no 10º aniversário do 11 de setembro, que resultou na morte de quatro funcionários americanos, entre eles o embaixador americano Chris Stevens, resultou de uma falha de segurança.

Joe Biden afirmou que quaisquer "erros" cometidos pela atual administração em Benghazi não se repetirão. Ryan, por sua vez, criticou a demora do presidente americano, Barack Obama, em tratar o ataque como um atentado terrorista, o que demonstra que a política externa do governo democrata estaria "desmoronando". "Nós vamos encontrar e levar à Justiça os homens que fizeram isto. Quaisquer erros que tenham sido cometidos, não se repetirão", prometeu Biden.

O candidato republicano Paul Ryan, 42 anos, criticou o fato de "o presidente Obama ter levado duas semanas para admitir que (o ataque em Benghazi) se tratou de um atentado terrorista". "Não deveríamos ter um destacamento militar para proteger nosso embaixador em Benghazi?", questionou o republicano, avaliando que os recentes ataques antiamericanos no mundo árabe demonstram que "quando damos a impressão de sermos fracos, nossos inimigos são mais inclinados a nos testar".

"Esta questão em Benghazi seria uma tragédia em si", afirmou Ryan. "Mas infelizmente, é um indício de um problema mais amplo, e o que estamos vendo é o desmoronamento da política externa de Obama, que está tornando as coisas mais caóticas e deixando-nos menos seguros", criticou Ryan.

Biden contra-atacou. "Com todo o respeito, isto é um monte de besteiras", afirmou o democrata. "Nada do que ele disse é correto", acrescentou. Porém, o vice-presidente admitiu que o governo foi mal informado pelas agências de inteligência na sequência do ataque e disse que haverá uma investigação para garantir que os mesmos erros não voltem a ser cometidos.

Após o incidente, o governo Obama inicialmente tratou o caso como um protesto contra um filme anti-islâmico que saiu do controle, antes de reconhecer posteriormente que se tratou de um ataque planejado por militantes armados.

Irã e Síria

Os dois candidatos voltaram a se enfrentar sobre outro tema sensível do Oriente Médio: o programa nuclear iraniano. Para o candidato republicano, a segurança dos Estados Unidos se debilitou nos últimos quatro anos."Quando Barack Obama foi eleito, (os iranianos) tinham material nuclear para fabricar uma bomba. Atualmente, eles têm quantidade para cinco", acusou Paul Ryan.

"Incrível!", reagiu Biden, ofendido. Para ele, a República Islâmica ainda está "bem longe" de conseguir a bomba atômica. "Os israelenses e os Estados Unidos, assim como todos os serviços de inteligência militares chegaram às mesmas conclusões quanto ao fato de saber se o Irã está perto de ter uma arma nuclear. Eles ainda estão longe", disse Joe Biden. Mas "nós não vamos permitir que os iranianos tenham a arma nuclear", assegurou.

O Ocidente e Israel acusam Teerã de esconder o desenvolvimento da bomba atômica sob um suposto programa nuclear civil, o que o regime nega.

Quando o assunto se voltou para a Síria, Ryan afirma que os republicanos não teriam seguido o mesmo caminho de Obama no conflitoe que se Bashar al-Assad não for deposto, os EUA perderão credibilidade e o Irã manterá seu maior aliado na região.

Saúde e aborto

O Medicare e os impostos também foram questões fervorosamente debatidas pelos candidatos. Ryan afirmou que o Medicare irá à falência, e reafirmou os planos republicanos de uma privatização dos planos de saúde. Enquanto isso, Biden defendeu o Medicare, apontando números e estatísticas que mostram como é um projeto mais econômico para o país.

Os candidatos foram perguntados pela mediadora sobre sua visão a respeito do aborto, lembrando o público que ambos são católicos. Ryan afirmou que é pró-vida, porque acredita que a vida começa na concepção, e que não é capaz de separar suas crenças pessoais de suas crenças na política. Joe Biden afirmou que sua religião o define como pessoa e que acredita também que a vida começa na concepção. Porém, Biden acrescentou que se recusa a impor suas crenças pessoais aos outros e acredita que todos devem ter poder de escolha.

Economia

Paul Ryan também disparou contra a administração democrata na área econômica, culpando o atual governo pelo desemprego e o fraco desempenho econômico: "quando Barack Obama foi eleito, seu partido controlava tudo, tinha o poder para fazer tudo e olhem onde estamos".

O candidato a vice na chapa republicana reafirmou que Mitt Romney reduzirá o imposto de renda sobre todos os salários, e que compensará a queda na arrecadação acabando com os "nichos fiscais e as isenções para contribuintes acomodados".

Isto é "matematicamente impossível", rebateu Biden, que propõe com Obama um aumento de impostos para os mais ricos. "Não podemos nos permitir (reduzir impostos) para pessoas que ganham mais de um milhão de dólares. Eles não precisam, é a classe média que precisa".

Sobre o desemprego, Biden destacou que a taxa caiu abaixo dos 8% em setembro passado nos Estados Unidos. "Não sei quanto tempo levará, mas podemos chegar abaixo dos 6%", concluiu o vice de Barack Obama.

Biden encerrou o debate falando sobre os "47%" de Romney, e levantando a questão da igualdade, afirmando que, na administração de Obama, todos têm direito a uma chance igual de sucesso. Ryan afirmou que Obama quebrou muitas promessas durante seu mandato e voltou a tocar na questão da crise financeira e do desemprego do país. O republicano encerrou perguntando: "que país queremos ser?", acrescentando que a política de Obama não está funcionando.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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