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Estados Unidos

Para ser Estado, Porto Rico deve falar inglês, diz Santorum

14 mar 2012 - 22h04
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O pré-candidato republicano a presidente dos EUA Rick Santorum disse na quarta-feira em Porto Rico que a população local precisa adotar o inglês como primeira língua se quiser virar um Estado dos EUA - algo que contraria a Constituição norte-americana. Santorum viajou ao território caribenho - oficialmente um "Estado associado" dos EUA - para fazer campanha com vistas à eleição primária de domingo, na qual ele, Mitt Romney e Newt Gingrich disputam 20 delegados para a convenção nacional que vai escolher o candidato republicano à presidência.

Rick Santorum reúne-se com Luis Fortuno (esq.), governador de Porto Rico, oficialmente um "Estado associado" dos EUA
Rick Santorum reúne-se com Luis Fortuno (esq.), governador de Porto Rico, oficialmente um "Estado associado" dos EUA
Foto: AP

Acompanhe as primárias do Partido Republicano

Porto Rico tem o inglês e o espanhol como línguas oficiais, embora a segunda seja muito mais usada. Em novembro, a ilha realizará um referendo para decidir se pleiteia a ascensão a Estado ou se mantém o status atual. Em entrevista ao jornal El Vocero, o conservador Santorum disse apoiar o direito à autodeterminação política dos porto-riquenhos. "Precisamos trabalhar juntos e determinar que tipo de relação queremos desenvolver", afirmou.

Mas Santorum disse que não apoiaria um Estado onde o inglês não fosse a língua predominante. "Como qualquer outro Estado, é preciso haver o cumprimento dessa e de qualquer outra lei federal. E isso é que o inglês precisa ser a língua principal. Há outros Estados com mais de uma língua, como o Havaí, mas para ser um Estado dos Estados Unidos o inglês tem de ser a língua principal."

Ao contrário do que diz Santorum, a Constituição dos EUA não estabelece o inglês como língua oficial do país, e não existe nenhuma lei obrigando a adoção desse idioma como pré-requisito para a ascensão ao status de Estado. Por outro lado, vários Estados dos EUA já aprovaram leis locais declarando o inglês como idioma oficial -é o caso da Flórida, com grande população hispânica.

Para que Porto Rico se torne o 51º Estado dos EUA, seria preciso aprovação do Congresso. Os 4 milhões de habitantes da ilha podem votar nas prévias partidárias dos EUA, mas não nas eleições presidenciais. Já os porto-riquenhos radicados nos EUA têm direitos eleitorais plenos. As declarações de Santorum tendem a ser mal recebidas pelos republicanos de Porto Rico, que sempre defenderam que questões de língua e cultura sejam atribuições dos governos estaduais, e não do âmbito federal.

A posição dele também pode afastar os 4,2 milhões de porto-riquenhos nos EUA, incluindo cerca de 1 milhão na Flórida, um Estado estratégico na eleição geral. Principal rival de Santorum na disputa interna republicana, Romney diz que apoiaria a elevação de Porto Rico a Estado. Ele viaja na sexta-feira à ilha, e já recebeu o apoio do governador local, Luis Fortuno, do Novo Partido Progressista, que encabeça o movimento para virar Estado.

Santorum se reuniu na quarta-feira com Fortuno, de quem disse ser amigo desde os tempos em que ambos moravam em Washington, na década passada. Ele afirmou que "neste momento" não apoia a ideia de permitir que territórios como Porto Rico votem na eleição presidencial, mas que estaria disposto a analisar alternativas -como incluir os votos porto-riquenhos na contagem da votação popular, mas sem participação no Colégio Eleitoral. Na quinta e sexta-feira, a filha de Gingrich, Kathy Gingrich Lubbers, que fala espanhol fluentemente, fará campanha pelo pai na ilha.

As primárias republicanas de 2012

No dia 3 de janeiro, foi dada a largada para a escolha do candidato republicano que enfrentará Barack Obama nas eleições presidenciais, no dia 6 de novembro de 2012. Trata-se de um longo processo de realização de primárias nos Estados e territórios americanos, durante o qual os eleitores elegerão delegados que participarão da Convenção Nacional do Partido Republicano, nos dias 27 e 30 de agosto.

Nas primárias, os eleitores vão às urnas e, por meio de voto secreto, escolhem os delegados que representam seus interesses. Além das primárias tradicionais (realizadas na maioria dos Estados), algumas unidades optam pelas caucuses: pequenas assembleias, geralmente compostas por militantes partidários, que têm a mesma função das primárias, mas com a principal diferença de que em uma caucus o voto é público.

As primárias e as caucuses possuem uma quantidade de delegados proporcional ao tamanho da população do Estado que representam, ao passo os pré-candidatos mais votados recebem um número de delegados proporcional à quantidade de votos obtidos. Em 2012, serão 38 primárias e 17 caucuses, que, juntas, distribuirão 2.286 delegados. Será candidato aquele que, na Convenção, obtiver os votos de ao menos 1.144 delegados.

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