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Mundo

EUA adotam cautela sobre armas químicas da Síria

25 abr 2013 - 19h46
(atualizado às 20h01)
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Os EUA adotaram um tom cauteloso, nesta quinta-feira, ao comentar a possibilidade de o regime sírio ter armas químicas, em meio a dúvidas a respeito de que medidas serão adotadas caso o país árabe possua de fato esse tipo de armamento ilegal.

O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, afirmou que os Estados Unidos recolheram indícios, com "algum grau de confiança variável", de que o gás tóxico sarin teria sido usado em pequena escala pelas tropas do governo sírio contra rebeldes, mas agregou que mais evidências ainda são necessárias.

A Casa Branca havia advertido que o uso de armas químicas poderia mudar a atual posição americana em relação à Síria, abrindo a possibilidade para uma intervenção, mas as descobertas, até agora, não seriam provas o suficiente para isso.

Em dezembro, o presidente dos EUA, Barack Obama, dissera que o governo Assad enfrentaria "consequências" caso usasse armas químicas. Mas o presidente americano obviamente quer evitar uma ação militar na Síria, explica o editor de América do Norte da BBC, Mark Mardell.

"Obama vê (a intervenção) como muito complexa e muito difícil, sem objetivos claros", explica Mardell.

Tampouco se sabe que tipo de ação poderia ser discutida - desde uma operação de pequena escala para proteger o armamento químico até uma guerra tradicional, diz Mardell.

Para o analista diplomático da BBC, Jonathan Marcus, a cautela americana se deve a dois pontos principais: 1) a necessidade de ter certeza absoluta da existência desses armamentos químicos (sobretudo considerando casos anteriores, como no Iraque, acusado erroneamente pelo governo Bush de ter armas de destruição em massa); 2) a incerteza quanto a que passo tomar caso essas armas de fato existam.

"Será que Washington está realmente pronto para se envolver diretamente na luta contra o governo Assad?", questiona.

'Informações limitadas, mas convincentes'

A Chancelaria britânica também citou indícios de uso de armas químicas na Síria, alegando ter "informações limitadas, porém convincentes e de várias fontes". Um porta-voz do ministério disse extraoficialmente que amostras obtidas na Síria foram testadas pelo Ministério da Defesa britânico, que teria identificado a presença do gás sarin.

Ainda assim, apesar das diversas acusações, até agora não houve confirmações oficiais do uso de armas químicas nos dois anos de conflito sírio.

Nos EUA, em uma carta a congressistas, o diretor de assuntos legislativos da Casa Branca, Miguel Rodríguez, disse que "diante do que está em jogo e do que aprendemos em experiências prévias, dados de inteligência por si só não bastam - (precisamos de) fatos críveis e confirmados que nos deem algum grau de certeza e guiem nossas decisões".

Em resposta, o senador republicano e ex-candidato presidencial John McCain disse que "é óbvio que a linha vermelha (estipulada pelos EUA para a Síria) foi cruzada". Ele recomendou armar a oposição, passo que a Casa Branca reluta em dar.

Já a senadora democrata Dianne Feinstein, que preside a Comissão de Inteligência do Senado, pediu ações internacionais para garantir a segurança do estoque de armamento químico sírio.

Autoridades da Casa Branca disseram que os EUA vão dialogar com seus aliados e buscar mais provas.

Na terça, um general israelense acusou as forças sírias de terem usado o sarin diversas vezes contra forças rebeldes, citando fotos de vítimas com sintomas de exposição ao gás.

Na Síria, por sua vez, rebeldes e tropas do governo trocaram acusações mútuas de uso de armamento químico. Uma equipe da ONU tenta entrar na Síria para investigar.

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