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Estados Unidos

WikiLeaks: vazamentos ainda provocam irritação em todo o mundo

30 nov 2010 - 12h41
(atualizado às 13h49)
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O vazamento de mensagens diplomáticas americanas pelo site WikiLeaks provocou a revolta de Washington, e nesta terça-feira as grandes potências tentavam minimizar as possíveis consequências das revelações.

A repercussão dos vazamentos de documentos divulgados pelo Wikileaks ainda provoca irritação em todo o mundo
A repercussão dos vazamentos de documentos divulgados pelo Wikileaks ainda provoca irritação em todo o mundo
Foto: Reuters

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a publicação das notas diplomáticas, incluindo algumas que o consideram "suscetível e autoritário", representam "o último grau da irresponsabilidade".

A China, citada por suas relações com o Irã, afirmou esperar que os vazamentos do WikiLeaks "não perturbem as relações China-EUA" e que Washington "administre corretamente" o assunto, segundo o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei.

Mais veemente, Robert Gibbs, porta-voz da presidência dos Estados Unidos, afirmou na última segunda-feira que o WikiLeaks e os que disseminam as informações são "criminosos". Para ele, os vazamentos constituem "graves violações da lei e uma ameaça grave para aqueles que executam e ajudam em nossa política externa".

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, falou de um "ataque à comunidade internacional".

Alguns documentos diplomáticos vazados pelo WikiLeaks a cinco grandes jornais (The New York Times, The Guardian, El País, Le Monde e Der Spiegel) acusam a China pelo envolvimento no envio de peças de mísseis norte-coreanos ao Irã, que teriam transitado por seu território.

Um telegrama de 2007 recorda que as entregas violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre o Irã e a Coreia do Norte, assim como as normas que a própria China fixou em termos de controle de exportações de materiais sensíveis.

Outra nota relata as declarações do vice-ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Chun Yung-Woo, que afirmou que os dirigentes chineses não consideram mais a Coreia do Norte "como um aliado útil ou confiável".

Já o Irã decidiu menosprezar as revelações do WikiLeaks sobre a hostilidade dos vizinhos árabes, para não cair na "armadilha" dos Estados Unidos.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast, os vazamentos fazem parte de um "complô" de Washington.

"Os inimigos do mundo islâmico continuam semeando a 'iranianofobia' e a discórdia", afirmou.

"Mas seu projeto pretende apenas proteger os interesses do regime sionista e de seus partidários, e os países da região não devem cair nesta armadilha", disse.

O Japão se uniu às críticas ao WikiLeaks, especializado em vazar documentos confidenciais.

"É escandaloso, é um ato criminoso", denunciou o ministro japonês das Relações Exteriores, Seiji Maehara.

"O WikiLeaks roubou estes documentos e os publicou, não vejo nada positivo neste ato", afirmou.

Os documentos obtidos pelo WikiLeaks jogam luz sobre os segredos da diplomacia americana.

Nos telegramas é possível ler, entre outras coisas, que o rei Abdullah da Arábia Saudita pediu a Washington a destruição do programa nuclear iraniano, ou que a Rússia seria um "Estado mafioso virtual".

Mas as autoridades criticadas pelos telegramas se apressaram a garantir que as "fofocas", como as chamou Guido Westerwelle, ministro alemão das Relações Exteriores, não prejudicarão as relações com Washington.

No Oriente Médio, um alto funcionário israelense afirmou que o país "sai bem" dos vazamentos, já que os documentos confirmam a posição oficial de Israel a favor de uma postura mais firme a respeito de Teerã.

A Casa Branca determinou uma revisão dos procedimentos de segurança para evitar novos vazamentos.

O procurador-geral, Eric Holder, recordou que há uma investigação penal em curso.

Mas o secretário-geral da organização Anistia Internacional, Salil Shetty, considerou "positiva" a iniciativa do WikiLeaks, e afirmou que o site levou em consideração as críticas da ONG ao mostrar-se mais precavido na divulgação de telegramas diplomáticos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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