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Estados Unidos

WikiLeaks nega ter posto vidas de informantes em risco

31 ago 2011 - 21h09
(atualizado às 22h04)
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O WikiLeaks está se defendendo das acusações de que teria colocado vidas em risco ao postar na Internet, sem censura prévia, documentos diplomáticos dos Estados Unidos. Em uma série de mensagens cifradas pelo Twitter, o site especializado em divulgar segredos governamentais sugeriu que a negligência de ex-funcionários da organização e de pelo menos um grande veículo de comunicação levou inadvertidamente à publicação de versões não-editadas de todos os 251 mil documentos do Departamento de Estado que o WikiLeaks supostamente possui.

Membros do governo norte-americano têm criticado o WikiLeaks por incluir no seu último lote de vazamentos, contendo dezenas de milhares de documentos, alguns comunicados que identificam nominalmente supostos militantes e contatos de embaixadas dos EUA. A nova polêmica envolvendo atuais e ex-colaboradores do WikiLeaks está cada vez mais acalorada e tortuosa. Mas a verdadeira questão é se alguém ¿ e quem ¿ divulgou documentos não-editados que podem colocar as pessoas citadas em risco, ou prejudicar operações de contraterrorismo.

Em mensagem na sua conta do Twitter, supostamente controlada por Julian Assange, fundador do WikiLeaks, a organização acusou um "grande veículo de comunicação", que não foi identificado, por ter "revelado todos os 215 mil telegramas sem edição." Numa mensagem anterior na terça-feira, o WikiLeaks disse: "Não houve erro do WikiLeaks. Houve um erro brutalmente negligente por parte de um grande veículo de comunicação, para colocar em termos generosos."

Nesta semana, publicações alemãs e um blog da revista Wired disseram que um arquivo de 1,73 gigabyte protegido por senha e contendo todos os telegramas na íntegra estaria "supostamente circulando em algum lugar da Internet." A Wired disse ter ouvido do editor da publicação alemã Der Freitag que seu jornal encontrara o arquivo e "obteve facilmente a senha." Duas pessoas familiarizadas com os bastidores da polêmica disseram que, reservadamente, Assange tem atribuído a falha de segurança ao seu ex-colaborador Daniel Domscheit-Berg, e também acusa o jornal britânico Guadian de publicar a senha do material em um livro sobre o WikiLeaks lançado neste ano por dois ex-repórteres do jornal.

Ex-colaboradores de Assange sugerem que a acusação feita pelo WikiLeaks contra um grande veículo de comunicação é uma tentativa de desviar a atenção do fato de que a própria organização, em seu novo lote de documentos divulgados, manteve nomes de pessoas que deveriam ter sido apagados. Vários veículos de comunicação, inclusive, há meses possuem conjuntos completos dos telegramas diplomáticos. Mas o WikiLeaks só havia divulgado ao público alguns milhares de documentos, até que na semana passada repentinamente acelerou a sua divulgação. Até quarta-feira, o site disse já ter liberado quase 143 mil documentos.

Em mensagem nesta quarta-feira pelo Twitter, o WikiLeaks afirmou que "não divulgou o nome de nenhum 'informante'", e sugeriu que todo o material que está sendo divulgado era "não sigiloso e previamente divulgado para a grande imprensa."

Duas fontes jornalísticas que tiveram acesso ao material disseram que ele continha alguns documentos sigilosos e não editados. A Reuters examinou dois desses documentos, divulgados pelo site do WikiLeaks, em que uma fonte do governo dos EUA era identificada; em um caso, o documento, classificado como "secreto", continha uma clara instrução: "Proteger a fonte." Nem Assange nem seu principal antagonista, Domscheit-Berg, puderam ser imediatamente localizados para comentar.

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