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Visita de Dilma é sinal de crescente importância do Brasil para EUA

21 mai 2013 - 05h19
(atualizado às 05h24)
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A viagem que a presidente Dilma Rousseff fará a Washington em outubro é vista como um sinal da crescente importância que os EUA atribuem à relação com o Brasil.

Depois de já ter sido recebida pelo presidente americano, Barack Obama, no ano passado, desta vez espera-se que Dilma seja recepcionada com toda a pompa que envolve uma visita de Estado - a primeira de um presidente brasileiro aos EUA desde 1995, quando Fernando Henrique Cardoso foi recebido por Bill Clinton.

"Acho que sinaliza um desejo de um engajamento maior em relação ao Brasil", disse à BBC Brasil o diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington, Paulo Sotero.

"Até porque essa visita não acontece sempre. A Casa Branca limitou a um par dessas visitas (de Estado) por ano."

O próprio secretário de Estado americano, John Kerry, definiu a relação com o Brasil como uma que vem "crescendo em importância", ao receber o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em Washington, na segunda-feira.

Foi o primeiro encontro oficial dos dois desde que Kerry assumiu o cargo. No fim do mês, o vice-presidente americano, Joe Biden, deverá viajar ao Brasil, dando continuidade ao diálogo.

Eleições

Para Riordan Roett, diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, o fato de Dilma ter boas chances de chegar a um segundo mandato favorece a relação entre os mandatários dos dois países.

"O governo americano está repensando o tipo de relacionamento que deseja com a presidente Dilma, particularmente já que parece, no momento, que ela será reeleita para mais quatro anos, no ano que vem", disse Roett.

"Obama também tem três anos e meio de seu segundo mandato pela frente. Então é provavelmente um bom momento para repensar como a relação deve ser, e ter um jantar de Estado reconhecendo a importância do Brasil é um passo à frente", afirma Roett.

Para Sotero, é o momento para "trabalhar numa relação que é boa, mas superficial".

"O desafio da visita é o de dar mais conteúdo à relação bilateral", afirma.

Reaquecimento

No fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as relações bilaterais foram marcadas por algumas divergências sobre assuntos como a crise em Honduras e o programa nuclear iraniano.

Desde a posse de Dilma, porém, houve diversos gestos de reaproximação. Em março de 2011, Obama viajou ao Brasil. Em abril do ano passado, Dilma visitou os EUA.

"Está claro agora que a política externa de Dilma é bem diferente (da de Lula), ela esteve mais preocupada com questões internas", afirma Roett. "Ela é mais cautelosa, e acho que isso causou uma boa impressão no Departamento de Estado e na Casa Branca."

Segundo Sotero, o estreitamento das relações é do interesse político e econômico de ambos os países. "O que os aproxima é muito mais do que o que os afasta", afirma.

Recentemente a Casa Branca vem tentando uma maior aproximação com países latino-americano, com foco em cooperação econômica.

Quando anunciou sua visita ao Brasil, o vice-presidente Joe Biden disse que pretende "discutir formas de aprofundar nossa parceria econômica e comercial e ampliar nosso envolvimento em uma ampla gama de temas bilaterais, regionais e globais que conectam os dois países".

Conselho de Segurança

Sobre o tão desejado apoio dos Estados Unidos à ambição do Brasil de conquistar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, os analistas consultados pela BBC Brasil não veem mudanças em um futuro próximo.

"Não acho que os Estados Unidos estejam prontos para isso", diz Roett. "Em parte por causa da intensificação da nossa relação (dos EUA) com o México. Quando Obama foi à Índia e manifestou seu apoio à candidatura indiana, não havia outro candidato asiático. É bem diferente da situação do Brasil."

Sotero observa que essa discussão nem está na mesa.

"Acho que é mais produtivo você trabalhar nos temas das relações bilaterais, de uma forma que possa levar a relação ao que pode se chamar de um engajamento estratégico, do que criar um fato artificial. Será que os EUA apoiariam? Darão uma resposta simpática, não dirão não, mas nem sim", afirma.

"Agora, de um diálogo mais profundo, baseado em confiança, a evolução pode ser até esta, no futuro, se e quando o assunto voltar à pauta."

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