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Estados Unidos

Com polêmicas, Trump avança pela disputa da Casa Branca

Magnata já se referiu aos imigrantes mexicanos como "estupradores" que levam "suas drogas e seu crime" aos Estados Unidos

23 jul 2015 - 13h54
(atualizado às 17h23)
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"É a definição precisa de uma história de sucesso americana", é a descrição de Donald Trump em seu site oficial
"É a definição precisa de uma história de sucesso americana", é a descrição de Donald Trump em seu site oficial
Foto: Getty Images

Quando você acessa a página de Donald Trump na web, é assim que o empresário americano se descreve: "É a definição precisa de uma história de sucesso americana: alguém que constantemente estabelece padrões de excelência enquanto amplia seus interesses em bens imóveis, esportes e entretenimento".

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E ainda acrescenta: "Trump é o empresário arquetípico: um grande negociador, uma figura ímpar".

Para os admiradores, Trump tem uma boa trajetória pessoal: um filho de imigrantes que começou com pouco e se transformou em um dos magnatas mais poderoso do setor de imóveis e entretenimento.

Para os inimigos, ele é "o monstro criado pelo Partido Republicano", como afirma o colunista do Washington Post, Dana Milbank.

"(Trump é) Contra imigrantes? Contra um currículo comum para o sistema educacional? A favor da abolição do Obamacare? Contra o casamento gay? Contra o aborto? Contra impostos? Contra a China? Questiona com virulência a legitimidade do presidente Obama? Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim e sim", escreveu Milbank.

Nos últimos dias, Trump se transformou no mais polêmico concorrente à candidatura presidencial do lado dos republicanos.

Em comentário recente, ele se referiu aos imigrantes mexicanos como "estupradores" que levam "suas drogas e seu crime" aos EUA. Sobre o também republicano John McCain (que foi prisioneiro de guerra por mais de cinco anos, quando combateu no Vietnã), Trump afirmou que ele "não é um herói de guerra porque foi capturado. Gosto de pessoas que não são capturadas".

Mas Trump passou a liderar as pesquisas de opinião com uma grande distância dos outros aspirantes ao cargo de candidato do Partido Republicano.

Imigrantes

Donald John Trump nasceu em junho de 1946, no bairro do Queens, em Nova York.

Ele era um dos cinco filhos de Mary Anne, uma imigrante nascida na ilha de Lewis, Escócia, e de Fred Trump.

Os avós paternos também eram imigrantes, vindos da Alemanha. O nome original da família era Drumpf e o avô dele, Friedrich, que chegou ao país em 1885, se naturalizou cidadão americano em 1892.

Trump estudou na Academia Militar de Nova York e se formou na Escola de Economia Wharton da Universidade da Pensilvânia.

Trump quer tentar a vaga de candidato do Partido Republicano
Trump quer tentar a vaga de candidato do Partido Republicano
Foto: Getty Images

Ele começou a carreira trabalhando na bem-sucedida construtora que pertencia a seu pai, Fred Trump.

Sobre o filho, Fred Trump disse: "Consegui alguns dos meus melhores negócios pelo meu filho, Donald... cada coisa que toca parece se transformar em ouro".

Entre as coisas tocadas por Trump que se "transformaram em ouro" está o Hotel Commodore, em Manhattan, que, depois de cinco anos de reformas, foi reaberto como Grand Hyatt.

Em 1982, quando a Torre Trump ainda estava acabando de se construída na Quinta Avenida, em Manhattan, ele conseguiu vender 266 condomínios de luxo. Entre seus clientes estavam a tenista Martina Navratilova, o comediante Johnny Carson, o cineasta Steven Spielberg e a atriz Sophia Loren.

Durante sua carreira, o estilo de vida luxuoso e sua forma muito direta de se expressar transformaram Trump em uma celebridade americana.

Mas, em 1992, devido às dívidas acumuladas em seus negócios, foi obrigado a fazer um acordo com os bancos e vendeu seu iate, o jato, a participação no Grande Hyatt e sua companhia aérea, a Trump Shuttle.

Dois anos depois voltou a ter problemas financeiros e evitou a falência fechando outro acordo com os bancos, adiando o pagamento de sua dívida por outros três anos.

Sua faceta de celebridade foi estabelecida na última década graças a sua participação como apresentador do reality show O Aprendiz , à publicação de vários livros de sucesso e a outras aparições em meios de comunicação.

Com isso, ele conseguiu estabelecer a marca Trump, para conquistar outras indústrias e produtos, incluindo a Trump Financial (hipotecas), Trump Sales and Leasing (venda de imóveis), Trump Restaurants, GoTrump (viagens), Trump Signature Collection (roupas e acessórios para homens), Donaldo Trump The Fragance (perfume), Trump Chocolate, entre outros.

Presidente?

Suas ambições presidenciais não são novas. Em 2010 falou de seu interesse em ser um dos candidatos para as eleições de 2012, mas um ano antes anunciou que ele não se candidataria.

E, nesse mesmo ano, esteve à frente de uma virulenta campanha de especulação de que Barack Obama não tinha nascido nos Estados Unidos.

Mas agora o interessse parece mais sério. Em junho deste ano, em sua Torre Trump, anunciou formalmente sua candidatura para as eleições presidenciais em 2016, para qual tentaria a nomeação como candidato do Partido Republicano.

A pergunta que muitos fazem agora é se ele conseguirá, principalmente depois da recente pesquisa ABC/Washington Post.

Trump tinha mais de dez pontos percentuais de vantagem em relação a seus adversários mais próximos, Scott Walker e Jeb Bush.

Os comentaristas em Washington estão divididos. Mas não parece haver preocupação entre os detratores de Trump.

"Uma razão para não se preocupar com a possibilidade de Trump se eleger presidente é que, em primeiro lugar, a pesquisa foi realizada antes dos comentários de Trump sobre John McCain. O apoio a Trump caiou drasticamente no final da noite da pesquisa, depois desses comentários", afirmou Ruth Marcus, colunista do The Washington Post.

Em segundo lugar, de acordo com Marcus, está a alta rejeição a Trump: "62% dos entrevistados, entre eles 31% de republicanos, disseram que definitivamente não votariam nele. (O número para Jeb Bush, republicano, e Hillary Clinton, democrata, está em aproximadamente 40%)", explica a colunista.

Comunidade mexicana protestou contra declaração de Trump, que chamou mexicanos de 'estupradores'
Comunidade mexicana protestou contra declaração de Trump, que chamou mexicanos de 'estupradores'
Foto: Getty Images

Produto

Os analistas concordam que Trump é um produto da era em que vivemos.

"Trump opera seguindo suas próprias regras, as quais estão perfeitamente criadas para o metabolismo voraz dos meios modernos e o estilo hiperfrenético de fazer campanhas", disse o correspondente da BBC em Nova York, Nick Bryant.

"Com comentários mais escandalosos, ele gera mais cobertura e comentários nas redes sociais. E, com mais cobertura, parece que aumentamos números a seu favor nas pesquisas."

Mas esse fenômeno não é novo. Já ocorreu na disputa eleitoral de 2012, na qual os candidatos polêmicos tiveram uma ascenção e depois caíram.

Ao mesmo tempo, como lembra o correspondente da BBC, "Trump é um profissional experiente, com mais poder de permanência e mais dinheiro (que os concorrentes anteriores)".

"Seu império de negócios foi construído à base de seu extraordinário talento para autopublicidade (...) e ele tem a capacidade de executar as reaparições mais inverossímeis", afirmou Bryant.

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