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Estados Unidos

Transição pacífica deve começar agora no Egito, diz Obama

1 fev 2011 - 22h00
(atualizado às 22h27)
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O presidente americano, Barack Obama, concedeu entrevista coletiva na noite desta terça-feira sobre o pronunciamento realizado mais cedo pelo presidente do Egito, Hosni Mubarak, em que ele anunciou que não disputará a presidência novamente. Obama disse ao presidente Hosni Mubarak que a transição política ordenada e pacífica deve começar "agora" no Egito.

Começa greve geral no Egito:

Falando para os jornalistas na Casa Branca, em Washington, Obama afirmou que não é papel dos Estados Unidos escolher o líder do Egito. Ele colocou mais pressão sobre Mubarak, um aliado dos EUA há 30 anos, mas não se juntou às multidões de manifestantes que pedem para que ele saia do poder imediatamente.

"O que está claro, e que eu indiquei hoje ao presidente Mubarak, é a minha crença de que uma transição ordenada deve ser significativa, deve ser pacífica, e deve começar agora", disse Obama, minutos depois de conversar por telefone com o líder egípcio durante 30 minutos.

Obama também fez um gesto em direção à multidão de jovens egípcios que reagiram com raiva ao anúncio de Mubarak de que permanecerá no poder até setembro, quando devem ocorrer eleições.

"Para as pessoas do Egito, particularmente aos jovens do Egito, eu quero ser claro, nós ouvimos as suas vozes. Eu tenho uma convicção firme de que vocês irão determinar seu próprio destino", afirmou. "Os EUA estão prontos para prestar qualquer ajuda necessária ao povo egípcio", acrescentou.

O presidente americano elogiou ainda o Exército egípcio por permitir que milhares de pessoas protestassem pacificamente contra o governo de Mubarak. "Eu quero elogiar o Exército egípcio pelo profissionalismo que mostrou enquanto protegia as pessoas do Egito", afirmou Obama.

"Nós vimos tanques cobertos com bandeiras e soldados e manifestantes nas ruas se abraçando. E, seguindo adiante, peço aos militares que continuem com seus esforços para ajudar a garantir que este tempo de mudança seja pacífico", completou.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro. Uma semana após o início dos protestos, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que informações não confirmadas sugerem que até 300 pessoas podem ter morrido e que há mais de 3 mil feridos do país.



Fonte: Terra
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