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Estados Unidos

Suspeitos de Boston são irmãos, chechenos e muçulmanos

19 abr 2013 - 14h22
(atualizado às 14h23)
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Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, suspeitos dos atentados a bomba contra a Maratona de Boston na última segunda-feira, são dois irmãos de origem chechena e muçulmanos aparentemente frutos do conflito entre a Rússia e a Chechênia, mas que viviam nos Estados Unidos há vários anos.

Eles foram identificados como Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, morto nesta sexta-feira, e Dzhokhar, de 19 anos, ainda se encontra foragido e perseguido pela polícia.

Tamerlan e Dzhokhar viviam em Cambridge - cidade vizinha a Boston e conhecida por sua prestigiosa Universidade de Harvard - e foi nessa localidade em que a polícia os encontrou na noite de quinta-feira, segundo as primeiras informações surgidas.

Os jovens, identificados pelo FBI entre milhares de imagens e vídeos registrados no local das duas explosões no final da Maratona de Boston, são de origem chechena e muçulmana.

Segundo declarações à televisão local de seu tio Ruslan Tsarni, os irmãos cresceram no Quirguistão.

A família teria escapado da Chechênia nos anos 90 em função do sangrento conflito nesta república russa rebelde do Cáucaso, que travou duas guerras com Moscou.

Em uma entrevista muito emocionada de 10 minutos à imprensa, Ruslan Tsarni disse que seus sobrinhos "envergonharam todo o povo da Chechênia" e expressou o desejo de que se desculpe pessoalmente com as vítimas.

"Dzhokhar, se você está vivo, se entregue e peça perdão", afirmou ainda, acrescentando que ficou chocado ao ver imagens do FBI de seus sobrinhos na televisão e na internet.

Antes de chegar aos Estados Unidos, também teriam vivido no Cazaquistão.

Tamerlan estudava Engenharia no Bunker Hill Community College de Boston.

Em 2009 foi preso por violência doméstica depois de ter agredido a namorada, segundo o site spotcrime.com.

Tamerlan praticava boxe no Wai Kru Mixed Martial Arts Center, como mostra uma reportagem fotográfica de Johannes Hirn intitulado "Boxeará pelo passaporte" e publicada em seu site http://johanneshirn.photoshelter.com.

"Não tenho um único amigo americano, não os entendo", afirmou em um post o mais velho dos irmãos, que se definia como "muito religioso e abstêmio".

No site YouTube, Tamerlan tinha muitos vídeos favoritos, entre eles sete referentes ao tema "Islã" e dois a "terrorismo", estes últimos deletados.

Por sua parte, Dzhokhar Tsarnaev, de apenas 19 anos, estudou entre 1999 e 2001 na escola primária de Majachkala, a capital do Daguestão, república vizinha da Chechênia, segundo seu perfil no VKontakte, a versão russa do Facebook.

Depois, nos Estados Unidos, frequentou a Cambridge Ringe & Latin School, um colégio secundário onde estudam muitos estrangeiros e que é conhecido por sua diversidade.

Se graduou em 2011, depois de obter uma bolsa por seu desempenho na luta livre por parte da prefeitura da cidade.

Em sua página no Facebook, diz falar russo e checheno, além de inglês, e indica que sua visão de mundo é a do Islã e que suas prioridades pessoais são a "carreira e dinheiro".

Um jovem de Boston, Erin Mecado, o definiu nesta sexta-feira como um "bom amigo" e recordou que trabalhava como salva-vidas na Universidade de Harvard, em declarações a CNN.

"Todos meus amigos da escola secundária estão comovidos. Não havia sinais de nenhum tipo de comportamento malvado em Dzhokhar, nenhuma evidência que nos levasse a crer que era capaz de fazer algo como isso", assinalou, precisando que o jovem vivia a uma rua de distância de sua casa.

Segundo as primeiras informações, o pai dos suspeitos alega que seus filhos são inocentes, afirmando que eles caíram em uma "armadilha".

"Em minha opinião, os serviços especiais armaram uma armadilha para os meus filhos porque são muçulmanos fervorosos", declarou o homem, Anzor Tsarnaev, à agência Interfax, falando da capital do Daguestão, Makhatchkala.

Já o presidente checheno Ramzan Kadyrov declarou que os irmãos Tsarnaev são pessoas desconhecidas na Chechênia e acusou o serviço secreto americano pela responsabilidade deste drama.

"Não conhecemos os Tsarnaev, eles não viveram na Chechênia, eles viveram e estudaram nos Estados Unidos. O que aconteceu em Boston é de responsabilidade dos serviços especiais americanos", declarou, citado pela agência pública Ria Novosti.

"Se tornou comum associar tudo o que acontece no mundo aos chechenos, culpar os chechenos, mesmo por um tsunami", disse o líder da república instável do Cáucaso russo, conhecido por suas declarações polêmicas.

"Mas uma acusação não é a prova de que essas pessoas estavam envolvidas no que aconteceu", acrescentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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