Soldado dos EUA recebe pena de 35 anos em caso WikiLeaks
Bradley Manning, o soldado norte-americano condenado pela maior quebra de sigilo na história do país ao fornecer mais de 700 mil arquivos para o WikiLeaks, foi sentenciado a 35 anos de prisão nesta quarta-feira.
A juíza Denise Lind, que no mês passado decretou Manning culpado de 20 acusações, que incluíam espionagem e roubo, poderia tê-lo sentenciado a até 90 anos de prisão. Os promotores pediram 60 anos.
Manning, de 25 anos, será exonerado com desonra do Exército dos EUA e perderá parte do pagamento, disse Lind. Seu posto será reduzido de soldado de primeira classe para soldado.
Manning pode pedir liberdade condicional depois de servir um terço de sua sentença, que será reduzida pelo tempo que ele já passou na prisão --cerca de 3 anos-- e mais 112 dias.
Usando seu uniforme para ocasiões especiais, Manning prestava atenção enquanto a sentença era lida, aparentemente sem mostrar emoção. Enquanto era escoltado para fora do tribunal partidários gritavam "Bradley, estamos com você".
Elizabeth Goitein, co-diretora do Programa de Liberdade e Segurança Nacional do Centro para Justiça Brennan, descreveu a sentença como "inédita" em sua magnitude.
"É mais do que 17 vezes a sentença mais longa já cumprida" por fornecer material sigiloso à mídia, disse Goiten. "Está em linha com as sentenças de espionagem paga para o inimigo".
Em 2010 Manning entregou mais de 700.000 arquivos secretos, vídeos de batalhas e telegramas diplomáticos ao WikiLeaks, o site pró-transparência, em um caso que exigiu atenção internacional.
Os advogados da defesa não fizeram um pedido específico de condenação, mas pediram a Lind que "não o roubasse de sua juventude".
Manning trabalhava como analista de inteligência de nível baixo em Bagdá quando entregou os documentos, catapultando o WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange, ao palco internacional.
O WikiLeaks disse que a pena de prisão de 35 anos dada a Manning foi uma "vitória estratégica", pois significa que ele pode obter liberdade condicional em menos de nove anos.
"Significativa vitória estratégica no caso de Bradley Manning", afirmou o WikiLeaks em sua conta oficial no Twitter. "Bradley Manning agora elegível para a libertação em menos de 9 anos, 4,4 em um cálculo."
O material sigiloso que chocou muitos em todo o mundo incluía um vídeo de 2007 de um helicóptero Apache dos EUA disparando contra supostos insurgentes em Bagdá. Entre a dezena de fatalidades estavam dois jornalistas da Reuters. O WikiLeaks apelidou a imagem de "Assassinato Colateral".
O caso destacou a dificuldade em manter segredos na era da Internet. Levantou fortes paixões por parte do governo norte-americano, que disse que Manning tinha colocado vidas americanas em risco, e por parte de defensores da transparência, que disseram que Manning tinha justificativa em divulgar as informações.
Durante uma audiência pré-julgamento, Lind determinou que a eventual sentença seria reduzida em 112 dias por causa do duro tratamento após sua prisão em 2010. Ele provavelmente ficará detido no Quartel Disciplinar dos EUA em Fort Leavenworth, Kansas.
(Reportagem adicional de Jim Finkle)