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Estados Unidos

Snowden diz que não teria julgamento justo sobre vazamentos nos EUA

17 jun 2013 - 14h55
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O ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional que revelou os programas secretos de vigilância de telefone e Internet do governo norte-americano disse em um fórum virtual na segunda-feira que não esperava ter um julgamento justo nos Estados Unidos.

Em uma sessão de perguntas e respostas com leitores no site do jornal britânico Guardian, Snowden disse que seu desapontamento com o presidente Barack Obama ajudou-o a tomar a decisão de revelar o monitoramento de dados telefônicos e da Internet de norte-americanos mantido por grandes empresas como Google Inc e Facebook Inc.

Snowden, que trabalhava na instalação da NSA como funcionário da empreiteira Booz Allen Hamilton, viajou para Hong Kong antes que os programas de vigilância se tornassem públicos e prometeu permanecer lá e lutar contra qualquer esforço de levá-lo de volta aos Estados Unidos.

"O governo norte-americano, assim como fez com outros informantes, imediatamente e previsivelmente destruiu qualquer possibilidade de um julgamento justo em casa, abertamente me declarando culpado de traição, e que a revelação de atos secretos, criminosos e mesmo inconstitucionais é um crime imperdoável. Isso não é justiça", ele disse no fórum online.

As revelações de Snowden levaram a uma investigação criminal, e autoridades norte-americanas prometeram, na semana passada, responsabilizá-lo pela revelação de detalhes da vigilância aos jornais Guardian e Washington Post.

A polêmica resultante provocou um debate renovado sobre o equilíbrio adequado entre o direito à privacidade e a segurança nacional, e Snowden vem sendo chamado de traidor e de herói por suas ações.

O ex-vice-presidente Dick Cheney foi o último a chamar Snowden de traidor, mas Snowden disse que isso era uma medalha de honra.

"Ser chamado de traidor por Dick Cheney é a maior honra que se pode dar a um americano, e quanto mais conversa assustada ouvirmos de pessoas como ele... melhor estaremos", disse Snowden.

Ele disse que tomou cuidado para não revelar nenhuma operação norte-americana conta alvos militares.

"Mostrei onde a NSA tinha hackeado infraestrutura civil como universidades, hospitais e negócios privados porque é perigoso", ele disse.

Ele disse que decidiu revelar os detalhes em parte por sua desilusão com o fracasso de Obama de cumprir as promessas da campanha de 2008.

"As promessas de campanha e a eleição de Obama me fizeram acreditar que ele nos levaria a corrigir os problemas que destacou em sua busca por votos. Muitos americanos se sentiram assim", ele disse.

"Infelizmente, logo depois de assumir o poder ele fechou a porta sobre a investigação de violações sistêmicas da lei, aprofundou e expandiu vários programas abusivos e se recusou a gastar o capital político para acabar com o tipo de violações dos direitos humanos como as que vemos em Guantánamo, onde homens ainda estão ali sem serem acusados", disse Snowden.

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