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Estados Unidos

Snowden diz que não é herói nem traidor

12 jun 2013 - 13h46
(atualizado às 14h02)
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Edward Snowden, o americano que vazou os programas de vigilância de comunicações do governo dos Estados Unidos, disse que não é "um herói nem um traidor", em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal de Hong Kong "South China Morning Post", a primeira desde que ele revelou sua identidade.

Na entrevista , o ex-técnico da CIA afirmou que lutará contra qualquer tentativa de extradição e que sua intenção é pedir que os "tribunais e o povo de Hong Kong" decidam seu destino.

"Não estou aqui para me esconder da Justiça. Estou aqui para revelar delitos", acrescentou Snowden, que na segunda-feira abandonou o hotel em que estava em Hong Kong e agora tem paradeiro desconhecido dentro da ex-colônia britânica.

Sobre sua decisão de optar por Hong Kong como refúgio, o que foi muito questionado pela condição da ilha de região administrativa especial da China, Snowden argumentou que as pessoas que pensaram que ele cometeu um erro ao escolher a ilha como destino não interpretaram corretamente suas intenções.

O jovem, de 29 anos, contou que teve "várias oportunidades de fugir de Hong Kong" mas que preferiu "ficar e lutar contra o governo dos Estados Unidos em um tribunal".

"Tenho fé na lei de Hong Kong", disse. Snowden disse ainda que não cometeu nenhum crime na ilha e que não tem motivos para duvidar de seu sistema legal.

O ex-empregado da estatal Booz Allen Hamilton, que chegou a Hong Kong em um voo em 20 de maio, revelou sua identidade no domingo após divulgar os documentos sigilosos aos jornais "The Guardian" e "The Washington Post".

Sua confissão fez as atenções da mídia se voltarem para a cidade, para onde se dirigiram jornalistas de todo o mundo.

Por enquanto, Snowden disse ao periódico de Hong Kong, prestigiado na região por sua independência da China, que se sente "seguro" no local.

"Sempre e quando me assegurarem um julgamento justo e livre e eu possa comparecer, me parece razoável. Ficarei em Hong Kong até que peçam que abandone a ilha", afirmou.

Hong Kong tem um tratado de extradição com os Estados Unidos, que Washington poderia utilizar para que Snowden retorne ao país.

Não se sabe se os EUA enviaram uma ordem de extradição, embora Washington assegurou que está realizando uma investigação, revistando a residência de Snowden e interrogando seus amigos e familiares.

Analistas jurídicos explicaram que Snowden poderia optar por apelar da ordem de extradição ou pedir o status de refugiado no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em Hong Kong.

O governo de Hong Kong recusou comentar o caso e a Acnur, por sua parte, não confirmou se recebeu uma solicitação de Snowden.

Em caso de extradição, Pequim poderia decidir intervir, apontam os analistas, sem esclarecer sob que grau de autoridade.

Ativistas locais, entre eles da Frente Civil de Direitos Humanos, planejam realizar uma manifestação no sábado em frente ao consulado dos Estados Unidos em Hong Kong a favor de Snowden.

EFE   
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