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Oriente Médio

Síria: bombardeio em Homs mata dois jornalistas ocidentais

22 fev 2012 - 07h23
(atualizado às 16h05)
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Uma jornalista americana e um fotógrafo francês morreram nesta quarta-feira durante um bombardeio sobre o bairro de Baba Amro, na cidade síria de Homs (centro), enquanto outros três ficaram feridos, um deles com gravidade, informaram ativistas sírios.

Combinação de fotos mostra a jornalista Marie Colvin e o fotógrafo Rémi Ochlik, que morreram hoje em Homs
Combinação de fotos mostra a jornalista Marie Colvin e o fotógrafo Rémi Ochlik, que morreram hoje em Homs
Foto: AFP

Os jornalistas mortos são a americana Marie Colvin, que trabalhava para o dominical britânico Sunday Times, e o fotógrafo francês Rémi Ochlik, colaborador da revista Paris Match, acrescentaram as fontes.

Ao menos três organizações de ativistas indicaram que os jornalistas se encontravam em uma casa de Baba Amr que foi bombardeada pelas forças do regime de Bashar Al Assad, que continuam sua ofensiva sobre a área.

A rede opositora Comissão Geral da Revolução Síria apontou que os corpos dos dois repórteres assassinados ainda não foram resgatados dos escombros devido aos intensos bombardeios.

Homs, reduto da oposição situado no centro do país, desde o início deste mês é alvo de uma grande ofensiva lançada pelo Exército que, segundo os grupos opositores, deixou centenas de mortos.

Francês recebeu alerta para deixar a Síria

O correspondente de guerra da Paris Match Alfred de Montesquiou, que esteve com Ochlik na Síria na semana passada, contou à agência EFE que a direção da revista tinha pedido aos dois que saíssem da Síria após terem tido que fugir em circunstâncias perigosas da cidade de Zabadani.

Montesquiou explicou que ele seguiu as orientações de sua empresa e partiu para o Líbano, mas seu companheiro Ochlik, que trabalhava por conta própria, optou por continuar na Síria mesmo assim e se deslocou para Homs, onde chegou no final da última noite.

O repórter da Paris Match, que nesta quarta já estava outra vez em Paris, indicou que o fotógrafo lhe enviou um e-mail na terça à noite para informar que se encontrava em Homs com um jornalista do espanhol El Mundo.

O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, confirmou a morte de Ochlik, de 28 anos, na saída do Conselho de Ministros, embora tenha preferido não dar detalhes até "saber exatamente as condições da morte". Juppé, que enviou seus pêsames à família, considerou que o episódio "é mais uma prova da deterioração das condições na Síria" e da "repressão".

O fotógrafo francês, que no ano passado tinha coberto a guerra da Líbia e as revoluções na Tunísia e Egito para diversas publicações como Le Monde, Paris Match, Time e The Wall Street Journal, tinha criado em 2005 sua própria agência, a IP 3. Além disso, também trabalhou como repórter de guerra na República Democrática do Congo (RDC) em 2008.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) informou na terça-feira no Cairo que ao menos quatro jornalistas perderam a vida na Síria desde o início do ano, um número ao qual agora se somam estes dois últimos casos.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

EFE   
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