Réu de ataques de 11/9 quebra o silêncio: "eles irão nos matar"
Os réus dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York, começaram a ser julgados neste sábado após anos detidos à espera do julgamento. A abertura da corte militar, que está sendo realizada em Guantánamo, em Cuba, foi marcada por momentos de desobediência por parte dos acusados.
No início do julgamento, os réus se recusaram a responder às perguntas do juiz militar James Pohl. A situação piorou quando o acusado Ramzi Bin al-Shibh interrompeu os procedimentos ao repentinamente se levantar para rezar, depois alternadamente ajoelhar e levantar. Quando completou suas orações, ele gritou ao juiz: "Vocês vão nos matar e dizer que cometemos suicídio".
Além de Bin al-Shibh, estão sendo julgados Waleed bin Attash, Ali Abd al-Aziz Ali, Mustafa Ahmad al-Hawsawi e Khalid Sheikh Mohammed, que seria o chefe da operação que derrubou as Torres Gêmeas do World Trade Center, atingiu o Pentágono e teve um de seus ataques frustrados pela tripulação do avião que caiu na Pensilvânia. Os cinco são acusados pela morte de 2.976 pessoas.
Esta é a primeira vez que eles aparecem em público, depois de mais de três anos. Estavam sentados a uma certa distância uns dos outros, quatro deles sem algemas nas mãos, vestidos com uniformes brancos e alguns deles usando um filá, pequeno chapéu muçulmano, constatou um jornalista da AFP.
O advogado de Bin Attash pediu que seu cliente, o único algemado, fosse solto, argumentando a "dor" que provocavam. O juiz assentiu, após se assegurar de que o acusado se comprometia a "se portar de forma apropriada" e afirmou estar algemado devido ao seu "comportamento no exterior", antes da audiência.
Sheikh Mohamed, o cérebro dos ataques, exibia uma longa barba. Seu advogado, David Nevin, anunciou que seu cliente provavelmente não fará declarações na audiência porque "tem profundas preocupações sobre a imparcialidade do processo". O juiz James Pohl afirmou que seu silêncio obedecia a uma "decisão" própria.
Esta é segunda vez que os réus vão a um tribunal militar de exceção - criado há 11 anos pelo ex-presidente George W. Bush -, depois que o procedimento foi interrompido com a eleição de Barack Obama, que queria enviá-los para a Justiça comum. Ele foi, no entanto, impedido pela oposição republicana no Congresso, que bloqueou a transferência a território americano de acusados de terrorismo.
Há anos os acusados estão presos em Guantánamo à espera do julgamento - até o momento ninguém foi condenado pelos ataques terroristas de 11 de setembro. Se considerados culpados, eles podem enfrentar a pena de morte.
Após o início caótico do julgamento, os acusados optaram por manter o silêncio. O juiz decidiu ler os direitos à defesa proporcionados pelo governo americano, mas os acusados se mantiveram ausentes, lendo ou rezando com o Alcorão na mão.
Com informações de agências internacionais.