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Estados Unidos

Quem era o homem acusado de atacar instalação naval nos EUA

17 set 2013 - 15h31
(atualizado às 16h17)
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Foto de celular não datada motra Aaron Alexis em Fort Worth, no Estado do Texas
Foto de celular não datada motra Aaron Alexis em Fort Worth, no Estado do Texas
Foto: Kristi Kinard Suthamtewakul / AP

Um dia depois do ataque em que 12 pessoas foram mortas por um atirador em uma instalação naval americana em Washington, começam a surgir informações que desenham um retrato mais claro de Aaron Alexis, o homem acusado de abrir fogo contra as vítimas.

Alexis era um militar da reserva que aparentemente se converteu ao budismo e, no passado, chegou a ser também um garçom popular no lugar onde trabalhava. Aos 34 anos, ele não parecia à primeira vista o tipo de pessoa capaz de cometer o mais recente ataque a tiros dos Estados Unidos.

Mas, apesar de o motivo do ataque ainda ser um mistério, como em outros episódios semelhantes no país, já aparecem os primeiros sinais de que problemas do passado de Alexis poderiam ter servido de alerta para o que aconteceria mais tarde.

Aaron Alexis nasceu em 1979, na cidade de Nova York, segundo o FBI. Ele cresceu no bairro do Queens, de acordo com o jornal The New York Times. Pouco se sabe sobre a vida dele até 2004, quando foi preso em Seattle por atirar nos pneus do carro de um homem que trabalhava em uma construção. Alexis diria mais tarde que o incidente foi resultado de um ataque de fúria.

Ele tinha licença para porte oculto de uma pistola e, quando foi interrogado, disse à polícia que fez os disparos no carro porque achava que os trabalhadores da obra o haviam "ridicularizado" naquela manhã. Os registros do tribunal que julgou o caso apontam que Alexis foi liberado com a condição de que evitasse entrar novamente em contato com os trabalhadores da construção.

11 de Setembro

Após o incidente, o pai dele contou a detetives de Seattle que seu filho sofria de problemas para controlar a raiva causados por uma desordem de estresse pós-traumático. Algernon Alexis disse na ocasião que isso era uma consequência da experiência de Aaron como um "participante ativo das tentativas de resgate" de vítimas após os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York.

Autoridades do Departamento de Defesa dizem que Alexis se tornou um militar da reserva da Marinha em 2007. Depois de fazer treinamento em Illinois, foi designado para servir em Fort Worth, no Texas, onde trabalhou como membro da esquadra de apoio logístico para a frota. Em dezembro de 2009, Alexis chegou à patente de suboficial de terceira classe, o posto mais alto que alcançou na Marinha.

EUA: suposto atirador de complexo naval serviu à Marinha:

Ele também recebeu uma medalha do Serviço Nacional de Defesa e outra do Serviço de Guerra Global ao Terrorismo. As duas são distribuídas em larga escala para militares que serviram no exterior e nos Estados Unidos após os atentados de 11 de Setembro. Em agosto de 2008, Alexis foi preso por desordem no Estado da Geórgia, segundo o site Smoking Gun, que reúne documentos da polícia e de tribunais.

Em 2010, a polícia foi chamada no apartamento de Aaron Alexis em Fort Worth, após uma vizinha afirmar que quase foi atingida por um tiro disparado por ele a partir do andar de baixo. Alexis disse à polícia que sua arma disparou por acidente quando ele a limpava, e nenhuma denúncia formal foi apresentada.
infográfico info tiroteio em washington eua
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Foto: Terra

Dispensa

Ele deixou a Marinha em janeiro de 2011, em uma dispensa coletiva, uma medida administrativa que normalmente indica algum nível de mau comportamento dos oficiais dispensados. A razão para sua saída da Marinha ainda não foi esclarecida, mas autoridades não identificadas citadas pela imprensa americana disseram que Alexis se envolveu em uma série de incidentes durante o seu tempo de serviço.

Após a dispensa, ele passou a buscar um diplomata de bacharel em aeronáutica por meio de aulas online na Universidade Aeronáutica Embry-Riddle. A instituição confirmou que ele começou a fazer os trabalhos do curso no ano passado. Um ex-colega de quarto de Alexis em Fort Worth, que o descrevia como seu "melhor amigo", disse ter ficado chocado com as notícias sobre o ataque de segunda-feira em Washington.

Depois de deixar a Marinha, Aaron Alexis também trabalhou no restaurante tailandês Happy Bowl, em Fort Worth. "Não acho que ele faria isso", disse Nutpisit Suthamtewakul, dono do estabelecimento, ao jornal Fort Worth Star-Telegram. "Ele tinha uma arma, mas não acho que ele era tão estúpido assim." Bud Kennedy, colunista do jornal, disse à BBC que chegou a conhecer Alexis e descreveu-o como "quieto".

"Ele era um garçom quieto e sempre simpático e gentil", afirmou. "Tinha uma arma, mas não parecia agressivo de forma alguma."

Tratamento

Alexis frequentava um templo budista em um subúrbio de Fort Worth. J Sirun, assistente dos monges do templo, disse ao "The Washington Post" que Alexis era uma pessoa retraída. "Ele não gostava de se aproximar de ninguém, como um soldado que havia vivido uma guerra", declarou.

"Não teria me surpreendido ouvir que ele cometeu suicídio", agregou J Sirun. "Mas não imaginei que ele cometeria homicídios." Desde agosto, segundo a agência Associated Press, Alexis era atendido na Administração de Veteranos dos EUA, onde recebia tratamento para distúrbios mentais sérios. Uma fonte não identificada da agência disse que Alexis ouvia vozes, tinha distúrbios do sono e paranoia.

Alexis era, até o momento dos ataques de segunda-feira, empregado por uma empresa terceirizada em um projeto da intranet da Marinha americana e tinha passe livre para entrar na instalação onde os disparos foram efetuados.

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