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Estados Unidos

Publicação de acusações sexuais revolta advogados de Assange

19 dez 2010 - 09h15
(atualizado às 10h14)
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A publicação pelo jornal The Guardian das acusações de crimes sexuais contra o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, causou grande indignação entre os advogados e simpatizantes do ativista australiano.

Julian Assange teme extradição para os EUA:

Em uma ação que surpreendeu a todos, o diário britânico eleito por Assange para publicar os telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks revelou no sábado documentos da polícia sueca nos quais se acusa Assange de ter agredido sexualmente as duas mulheres que o levaram à Justiça.

Uma das mulheres se queixou que Assange não só "foi uma 'transa' muito ruim, como também muito violento", segundo a descrição publicada pelo jornal, que oferecia muitos outros detalhes sobre o suposto assédio de Assange.

Segundo o The Sunday Telegraph, o advogado sueco de Assange, Bjorn Hurtig, vai apresentar uma queixa formal às autoridades da Suécia, às quais exigirá que investiguem como essas informações chegaram a domínio público.

"Não sei quem deu esses documentos à imprensa, mas o propósito está claro: apresentar uma má imagem de Julian", disse o advogado do réu, atualmente em liberdade condicional na Inglaterra, enquanto se tramita seu processo de extradição à Suécia.

Em editorial, o The Guardian defendeu no sábado sua decisão de publicar detalhes do conteúdo dos documentos policiais que incriminam Assange, que, ao oferecer os documentos vazados pelo WikiLeaks, contribuiu para o aumento das vendas do jornal.

Segundo um amigo do australiano, Assange não esperava ser alvo de um ataque semelhante justamente por parte do The Guardian.

Vaughan Smith, o jornalista que decidiu acolher Assange em uma mansão de sua propriedade enquanto se tramita o processo de extradição, perguntou-se se a intenção do The Guardian ao revelar esses detalhes incriminadores não seria tranquilizar as autoridades por antes ter publicado os documentos do WikiLeaks.

O conhecido jornalista e documentarista australiano John Pilger escreve neste domingo, no diário The Independent on Sunday que, depois do suposto assédio sexual, uma das mulheres confessou que tinha se sentido "abandonada" quando, após a relação, Assange teria deixado-a na cama para trabalhar em seu computador.

"Seja ou não uma conspiração da CIA, o certo é que se denegriu (a imagem de) Assange. Os detalhes fornecidos pelas mulheres estão na internet. E seus sérios inimigos de Washington se viram encorajados a manter sua viciosa campanha contra sua pessoa", declarou Pilger.

"Enquanto isso, assistimos ao espetáculo de um procurador-geral dos Estados Unidos que tenta cozinhar uma lei com o único fim de processar Assange por ter revelado as mentiras e obsessões de uma potência gananciosa, algo que na terra de Thomas Jefferson não é um crime", escreve Pilger, referindo-se a um dos fundadores do Estado americano, ferrenho defensor da liberdade de imprensa.

O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.

Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais, e solto no dia 16. Agora, Assange espera em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição.



EFE   
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