PUBLICIDADE

Estados Unidos

Procurador-geral dos EUA pede revisão das leis de "legítima defesa"

16 jul 2013 - 20h40
(atualizado às 20h54)
Compartilhar
Exibir comentários

O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, defendeu nesta terça-feira a revisão das leis que permitem o uso de força letal sob o conceito de legítima defesa, em meio aos protestos pela morte do jovem negro Trayvon Martin por um vigilante.

"É o momento de se questionar as leis que, insensatamente, ampliam o conceito de legítima defesa e aumentam o risco de conflito em nossos bairros", disse Holder, o primeiro procurador-geral negro dos Estados Unidos, ao discursar na Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, sigla em inglês) em Orlando, no centro da Flórida.

Um juri formado por seis mulheres - cinco brancas e uma de origem hispânica - absolveu Zimmerman no sábado passado, em um veredicto que dividiu a Nação, entre os que acreditam que o vigilante agiu em legítima defesa e os que pensam que atirou motivado por racismo. Zimmerman era acusado de perseguir e atirar em Martin, que estava desarmado, durante uma briga que tiveram em um bairro de Orlando, em fevereiro do ano passado.

A lei de legítima defesa aprovada na Flórida em 2005, chamada por seus detratores de "Atire primeiro e pergunte depois", é a mais permissiva dos EUA. Segundo Holder, "ao permitir e até alentar situações com risco de fomentar a violência pública, leis como esta ameaçam a segurança pública".

Líderes religiosos negros prometeram nesta terça-feira aproveitar a indignação provocada pelo caso Trayvon Martin para tentar revogar leis americanas que permitem o uso de armas diante de uma ameaça e exigir direitos civis. Em frente à sede do Departamento de Justiça, em Washington, o reverendo Al Sharpton, da igreja Batista e ativista dos direitos políticos e civis, anunciou um Dia de Justiça Nacional em memória ao jovem Trayvon no sábado, com manifestações em mais de 100 cidades em todo o país.

"Pessoas de todo o país vão se reunir para mostrar que não estamos tendo um acesso de raiva de dois ou três dias", disse Sharpton, acompanhado por mais de dez lideranças religiosas afroamericanas. "Este é um movimento social por justiça", insistiu.

"Vamos ser claros. É devido a essa lei que qualquer pessoa que está caminhando, sem cometer qualquer crime, pode ser seguida ou abordada por outro civil, que pode usar força letal e dizer que foi em legítima defesa", ressaltou. Estabelecer uma estratégia contra essas práticas, incluindo um boicote às empresas conhecidas por apoiarem esta legislação, será o tema de uma reunião de três dias de líderes religiosos em Miami na próxima semana, comunicou.

Além disso, segundo o jornal Hollywood Reporter, o músico Stevie Wonder prometeu tomar uma iniciativa de protesto. "Decidi que até que a lei 'Defenda sua terra' seja abolida na Flórida, não vou cantar" no estado, disse Wonder no domingo, em Quebec City, onde participou do festival de verão. "Na verdade, não vou cantar em qualquer estado ou região do mundo onde exista uma lei como essa."

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade
Publicidade