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Estados Unidos

Prêmio Nobel da Paz valoriza esforços diplomáticos de Obama

9 out 2009 - 10h13
(atualizado às 10h22)
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O Instituto Nobel da Noruega premiou nesta sexta com o Nobel da Paz o compromisso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com a diplomacia internacional e com uma nova visão do mundo, em uma das decisões mais surpreendentes e polêmicas dos últimos anos.

Barack Obama leva Prêmio Nobel da Paz de 2009:

Em sua motivação do prêmio, o Comitê Nobel ressaltou os "esforços extraordinários para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos" de Obama, concedendo especial importância à visão do presidente e seu trabalho por "um mundo sem armas nucleares".

A chegada de Obama ao poder criou um "novo clima" na política internacional, no qual a diplomacia multilateral reconquistou um papel central, enfatizando o papel da ONU e de outras instituições, algo que o comitê avaliou de forma especial.

O novo secretário do Comitê Nobel, Thorbjorn Jagland, disse que a defesa das instituições internacionais para resolver conflitos de forma pacífica foi decisiva ao longo da história do prêmio.

Ao conceder o Nobel da Paz ao "visionário" Obama este ano, o comitê pretende "reforçar" a diplomacia e as instituições internacionais e enviar um "sinal claro" ao mundo, explicou Jagland, na entrevista coletiva posterior ao anúncio do inesperado ganhador.

"Durante 108 anos, o Comitê Nobel Norueguês buscou estimular precisamente essa política internacional e essas atitudes das quais Obama é agora o novo porta-voz mundial", destacou a decisão.

Obama estava entre os 205 candidatos ao prêmio, mas quase não tinha sido mencionado, especialmente porque está a menos de nove meses no cargo.

Frente a ele, havia candidatos de anos de reconhecida trajetória, como o dissidente chinês Hu Jia; o primeiro-ministro do Zimbábue, Morgan Tsvangirai, e a colombiana Piedad Córdoba, que apareciam como os principais favoritos ao Nobel da Paz.

Além disso, o prazo para apresentar candidaturas fecha sempre no início de fevereiro, ou seja, menos de um mês depois de Obama assumir seu cargo de presidente.

Jagland rejeitou qualquer crítica, ao lembrar que o Comitê Nobel premiou antes pessoas que iniciaram processos políticos em nível mundial, e citou como exemplos o ex-chanceler alemão Willy Brandt e o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachov, agraciados respectivamente em 1971 e em 1990.

No entanto, Jagland não mencionou que, em seus dois anos no poder antes de receber o Nobel, Brandt tinha consolidado a Ostpolitik que aproximou a República Federal Alemã ao Leste Europeu e tinha reconhecido a inviolabilidade da linha Oder-Neisse como fronteira polonesa; e que Gorbachov tinha impulsionado em 1985 a perestroika (reestruturação) e a glasnost (transparência).

"É necessário ver a realidade do mundo, não há mais a dizer", disse Jagland, ao explicar a escolha de Obama.

O Comitê Nobel ressaltou, em sua decisão unânime, que a visão de um mundo livre de armas nucleares de Obama "estimulou poderosamente as negociações de controle e desarmamento".

Os Estados Unidos prometeram ratificar o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, mas ainda não fez isso, como também não se uniu ao tratado para proibição das bombas de fragmentação, assim como os outros principais produtores de armas, como Rússia e China.

A presença ativa dos Estados Unidos em guerras como a do Afeganistão contrasta com a vontade de Alfred Nobel, criador dos prêmios, de agraciar os que promovem a paz.

"Espero que o prêmio ajude a resolver a situação no Afeganistão", respondeu Jagland, que disse que o comitê não telefonou a Obama para dar a notícia "para não acordá-lo".

Entre outros méritos de Obama, o Comitê Nobel ressaltou também o papel "mais construtivo" deste país em enfrentar os desafios climáticos e em reforçar a democracia e os direitos humanos.

"Raramente uma pessoa capturou com o mesmo alcance a atenção do mundo e deu a sua gente a esperança de um futuro melhor. Sua diplomacia se baseia no conceito de que os que lideram o mundo devem fazer isso com base em valores e atitudes compartilhados pela maioria da população mundial", diz a decisão.

O prêmio foi recebido de formas distintas na Noruega. O primeiro-ministro norueguês, o trabalhista Jens Stoltenberg, considerou a concessão justa, e a oposição a tachou de apressada.

Obama é o terceiro presidente americano no cargo a ganhar o Nobel da Paz, após Theodore Roosevelt (1906) e Woodrow Wilson (1919).

EFE   
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