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Estados Unidos

Possível extradição de Assange preocupa advogados e ativistas

14 dez 2010 - 11h19
(atualizado às 11h37)
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Advogados ativistas e professores de Direito expressaram nesta terça-feira sua inquietação pela possibilidade de o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, ser entregue aos Estados Unidos, seja diretamente de Londres, seja indiretamente via Suécia.

Em carta publicada pelo jornal The Times, os advogados, entre os quais estão Phil Shiner, do grupo "Public Interest Lawyers", Richard Gordon, e o professor Bill Bowring, do Birbeck College, lembram que nos EUA há quem reivindique "execução por espionagem".

Os 30 signatários da carta assinalaram que o WikiLeaks mostrou graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional, revelações que possibilitaram que as vítimas de alguns desses abusos fossem recompensadas.

Os documentos relacionados com a Guerra do Iraque chamaram a atenção do mundo sobre "as indescritíveis torturas praticadas pelas Forças de Segurança iraquianas treinadas pelos EUA e pela Grã-Bretanha enquanto as tropas da coalizão estavam no país".

"Apesar das aparentes preocupações do Pentágono, não há provas críveis que indiquem que os documentos diplomáticos vazados sobre as guerras do Iraque e Afeganistão tenham posto vidas em perigo", acrescenta a carta.

Na carta, os advogados e especialistas em Direito lembram ao Governo britânico seu "dever de levar em conta as implicações de uma possível extradição aos EUA" do fundador do WikiLeaks.

"A liberdade de imprensa, o direito a um julgamento justo e a não correr risco de pena de morte e maus-tratos devem ser as considerações dominantes", acrescenta a carta, que lembra que em outras ocasiões esse tipo de considerações evitou a entrega de presos aos EUA por parte das autoridades britânicas.

"O Governo (do Reino Unido) não deve ser cúmplice na perseguição e castigo de Assange por tornar públicas as ações daqueles que nos governam", conclui o texto.

Julian Assange comparecerá nesta terça-feira pela segunda vez a um tribunal de Londres, que deve decidir sobre sua eventual extradição à Suécia, onde é reivindicado por supostos crimes sexuais.

Muitos veem no pedido sueco uma estratégia destinada a ganhar tempo para que os EUA apresentem sua própria solicitação de extradição pelos vazamentos do WikiLeaks, algo que, no entanto, foi negado taxativamente pela promotoria do país escandinavo.

O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.

Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais.



EFE   
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