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Estados Unidos

Plano “medicina de precisão” de Obama visa estimular pesquisa, mas enfrenta obstáculos

28 jan 2015 - 10h47
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O plano do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de colocar os Estados Unidos na vanguarda do tratamento médico individualizado deve dar o necessário impulso para pesquisas na área, mas especialistas dizem que isso não vai funcionar sem reformas no setor de saúde, incluindo testes de medicamentos e planos de saúde.

Presidente dos EUA, Barack Obama, faz discurso do Estado da União no Capitólio, em Washington. 20/01/2015
Presidente dos EUA, Barack Obama, faz discurso do Estado da União no Capitólio, em Washington. 20/01/2015
Foto: Mandel Ngan / Reuters

A previsão é que o governo apresente os primeiros detalhes esta semana sobre a iniciativa chamada "medicina de precisão", que Obama anunciou no discurso do Estado da União, no dia 20. Obama disse querer que os Estados Unidos "liderem uma nova era da medicina, que ofereça o tratamento certo, na hora certa”.

A medicina personalizada de precisão busca identificar e tratar com exatidão a doença do paciente com base em seu genoma -a ordem precisa de moléculas em seu DNA-, bem como outros fatores, tais como a interação dos genes e o ambiente, e os micróbios em seu corpo.

Em vez da forma generalista atual, os medicamentos seriam adaptados a cada indivíduo, permitindo que os médicos ataquem a forma precisa que uma doença assume em cada pessoa e evitem a administração de medicamentos que possam ser ineficazes ou até mesmo prejudiciais.

"Nós seríamos capazes de fazer diagnósticos e tratamento em nível individual. Estamos muito, muito longe disso, mas a recompensa seria fantástica", disse o biólogo Keith Yamamoto, vice-reitor de pesquisa da escola de medicina da Universidade de Califórnia em San Francisco.

Se Obama pretende agir, um primeiro passo é construir uma base de dados nacional de perfis genéticos para que os pesquisadores possam procurar correlações com seus históricos médicos.

Um relatório de 2011 de um painel da Academia Nacional de Ciências recomenda a coleta de dados moleculares em milhões de pacientes. O documento também pediu um projeto para diabetes do tipo 2 para identificar os aminoácidos no sangue de pessoas que desenvolvem a doença, e avaliar como o pré-diabetes avança.

Quase quatro anos depois, nenhum estudo está em andamento.

A iniciativa de Obama poderia pôr esses projetos em prática, disseram dois membros do painel, que pediram para não ser identificados.

A medicina de precisão tem sido estimulada pelos avanços em duas áreas em particular: o câncer e farmacogenômica, o estudo de como o DNA interage com os remédios. As pesquisas descobriram que doenças como o câncer de mama e câncer de pulmão não são monolíticas; elas podem ser acionados por uma variedade de mutações genéticas.

Entre as empresas de maior dimensão em sequenciamento do genoma que poderiam se beneficiar com a iniciativa de Obama estão a Illumina Inc, que este mês fez um acordo para uma aliança com a gigante de defesa Lockheed Martin no desenvolvimento genômico; a Thermo Fisher Scientific, unidade da Life Technologies e a Roche Holding AG, que em janeiro pagou 1 bilhão de dólares por uma participação majoritária na Foundation Medicine Inc, líder em genes de sequenciamento em tumores.

A Google Inc e a IBM Corp estão entre as grandes empresas que podem desempenhar um papel no armazenamento e interpretação de registros eletrônicos de saúde e dados genômicos e outros.

Uma barreira à mudança é que o sistema de saúde do governo e planos privados de saúde não cobrem rotineiramente testes genéticos.

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF

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