Ordem de prisão surpreende advogado de fundador do WikiLeaks
O advogado de Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, afirmou nesta quarta-feira ter sido surpreendido pela ordem internacional de prisão contra seu cliente, emitida pela Interpol, por supostos crimes sexuais cometidos na Suécia.
A ordem é uma "notificação vermelha", o nível mais alto da Interpol, que é divulgado para prender ou deter provisoriamente pessoas procuradas internacionalmente com o objetivo de extradição, neste caso, a pedido da Justiça da Suécia.
"É muito surpreendente que a Interpol adote medidas tão extremas por algo que a Corte de Apelação disse que era uma violência do tipo menor. Parece ridículo", afirmou Björn Hurtig, advogado do fundador do site.
Hurtig sugeriu em declarações à imprensa sueca que "deve haver outra coisa por trás de tudo isto", apontando o alvoroço causado pelas publicações do WikiLeaks, e acrescentou que algo "cheira mal" neste caso.
A recusa da promotora Marianne Ny em aceitar que Assange, australiano de 39 anos, pudesse depor de fora do país, aumenta as suspeitas sobre outros possíveis motivos para a emissão de uma ordem internacional, segundo Hurtig.
No recurso de apelação ao Supremo Tribunal da Suécia apresentado nesta terça-feira em Estocolmo, a defesa de Assange propôs novamente que ele possa ser interrogado por videoconferência de uma embaixada no exterior.
A Corte de Apelação de Svea, em Estocolmo, manteve no último dia 24 a ordem de prisão contra Assange emitida anteriormente por um tribunal de primeira instância, que decretou uma ordem internacional de busca e captura contra o australiano. No entanto, o tribunal fez dois adendos à primeira sentença.
A acusação de estupro será mantida, mas rebaixada à categoria de "delito menor", enquanto em uma das três denúncias por assédio sexual foi considerado que o grau de suspeita "não é suficientemente forte".
Todos os casos estão relacionados com o período de permanência de Assange na Suécia em agosto, quando deu várias conferências sobre sua atividade no WikiLeaks.
Seus problemas com a Justiça sueca começaram no dia 20 de agosto, quando foi emitida a primeira ordem de prisão por suspeita de estupro, uma decisão revogada 24 horas depois pela chefe da Promotoria, que reduziu o caso a um crime de assédio.
Marianne Ny, assumiu então a direção da investigação e dias depois decidiu reabrir o inquérito por estupro, que terminou no mês passado com uma nova ordem de prisão contra Assange.