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ONG critica governo britânico por ameaçar jornal em caso Snowden

20 ago 2013 - 11h13
(atualizado às 12h34)
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<p>Jornalista Glenn Greenwald com o companheiro, o brasileiro David Miranda</p>
Jornalista Glenn Greenwald com o companheiro, o brasileiro David Miranda
Foto: Reuters

A organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) criticou nesta terça-feira as autoridades britânicas por ameaçarem o jornal The Guardian com ações judiciais se o veículo não destruir todos seus documentos relacionados com os vazamentos de informação do ex-técnico dos serviços secretos americanos Edward Snowden. "Essa ameaça de destruir documentos e sua execução sob vigilância de oficiais da inteligência é um ataque extremamente grave contra a liberdade de informação em um país que se orgulha de ter uma das imprensas mais livres do mundo", declarou em comunicado o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire.

O diretor do Guardian, Alan Rusbridger, revelou hoje que teve vários encontros com "figuras misteriosas de Whitehall (escritórios do governo)" nas quais lhe pediram que "destruísse todo o material relacionado com Edward Snowden".

Rusbridge disse também como dois agentes do GCHQ supervisionaram a destruição de discos duros do periódico. "Estamos profundamente surpresos com a crueldade do governo britânico contra o trabalho dos jornalistas do Guardian", acrescentou a RSF, organização pela liberdade de imprensa com sede em Paris.

Jornalista americano ameaça governo após namorado ficar detido:

A Repórteres sem Fronteiras lembrou que a revelação acontece depois que David Miranda, namorado do jornalista do Guardian que publicou as revelações de Edward Snowden, foi retido durante nove horas no sábado passado no aeroporto londrino de Heathrow. Durante a detenção, a polícia confiscou seu laptop, celular, câmera fotográfica e outros aparelhos eletrônicos.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

EFE   
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