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Estados Unidos

Obama e Romney disputam preferência das minorias

6 set 2012 - 20h20
(atualizado às 21h53)
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Ligia Hougland
Direto de Charlotte

Os Estados Unidos são o país que mais recebem imigrantes do mundo inteiro, e essa sociedade multicultural e de tanta diversidade étnica é um desafio para os candidatos à Casa Branca. Cada grupo minoritário tem um conjunto diferente de visões e interesses políticos. Atualmente, a população americana é composta em cerca de 36% por minorias, segundo dados do Censo dos EUA.

Gabriela Domenzain, da comunidade hispânica democrata: "Obama respeita nossa comunidade e nos apoia"
Gabriela Domenzain, da comunidade hispânica democrata: "Obama respeita nossa comunidade e nos apoia"
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra

Barack Obama e Mitt Romney estão numa disputa acirrada para conquistar o voto das minorias. As eleições presidenciais americanas são, tradicionalmente, apertadas e, conforme foi visto na disputa em 2000 entre George W. Bush e Al Gore, mesmo um punhado de votos pode fazer a diferença. Assim, as campanhas republicana e democrata acompanham de perto as tendências eleitorais das minorias.

Hispânicos
Historicamente, os eleitores latino-americanos sempre dão preferência ao candidato do Partido Democrata. Em 2008, Obama ficou com 67% dos votos hispânicos, entretanto, no ano passado, a comunidade latino-americana começou a mostrar sinais de desencanto com o presidente americano. Mas a campanha democrata reagiu com toda força nos últimos meses e voltou a contar com a preferência esmagadora dos hispânicos.

"É claro que preferimos um presidente que não apenas respeita nossa comunidade como também nos inclui na sua visão e nos apoia 100%", diz Gabriela Domenzain, diretora de comunicações da campanha democrata para a comunidade hispânica.

Nas últimas décadas, a população hispânica tem crescido significativamente no país e, particularmente, na região sudeste do país, onde a convenção democrata está sendo realizada. Mas a população em expansão é um desafio cada vez maior para os republicanos, com seu eleitorado cada vez menor entre a comunidade latino-americana. O ex-presidente, George W. Bush, tinha uma boa conexão com os latinos, que Romney não consegue repetir.

Não faltaram esforços para atrair o voto hispânico durante a convenção republicana, em Tampa, na semana passada. O candidato republicano falou nos seus antepassados mexicanos, o filho de Romney disse algumas palavras em espanhol quando falou para o público da convenção e não faltaram pronunciamentos de figuras proeminentes do Partido Republicano com sobrenomes latinos, como o senador Marco Rubio. Mas Romney, até agora, não conseguiu conquistar mais de 26% do eleitorado hispânico.

Segundo as pesquisas mais recentes, Obama conta com aproximadamente 60% das intenções de voto desse grupo, ao passo que o candidato republicano fica com cerca de 26% do eleitorado hispânico.

Negros
Se depender da população negra (13%), Obama já pode se considerar reeleito. O presidente americano conta com mais de 98% das intenções de voto da comunidade negra. De acordo com as pesquisas, Romney tem perto de 0% dos votos dos negros. O apoio massivo dos negros americanos a Obama em 2008 permanece inabalável, embora o seu governo não tenha implementado políticas que favorecessem especificamente a essa minoria.

"No que diz respeito a políticas direcionadas a africanos-americanos, diria que o presidente fez muito pouco. Mas o fato de os indicadores econômicos terem visto uma melhora constante nos últimos 9 a 12 meses impactou os africanos-americanos de modo positivo, mas só porque eles fazem parte da população em geral", diz Charlton McIlwain, professor da Universidade de Nova York, especializado em raça, cultura e mídia, e membro da comunidade negra.

Alguns especialistas dizem que os negros temem que, se Obama não for reeleito, os Estados Unidos jamais darão outra oportunidade para um africano-americano chegar à Casa Branca. "Por isso podemos esperar que os negros compareçam em massa às urnas em 6 de novembro", disse John Zogby, fundador da Zogby Poll e especialista em pesquisas.

Muçulmanos
Tanto democratas quanto republicanos precisam do voto da comunidade muçulmana, mas não é fácil apelarem ao grupo sem perder votos de outros eleitores, pois, para o americano médio, o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 ainda está muito vívido e ligado ao islamismo. Mas o voto dessa pequena comunidade que responde por cerca de 1% da população dos EUA é importante, pois pode ter um papel fundamental em estados decisivos como Flórida e Michigan.

Em 2008, 89% dos eleitores muçulmanos votaram em Obama, embora seu apoio tenha sido sem alarde. "O envolvimento em 2008 era mais quieto. Depois de 11 de setembro houve uma mudança no país e muitos muçulmanos-americanos eram forçados a se sentirem como se não fossem americanos, como se fossem suspeitos. Mas há 100 delegados muçulmanos na convenção democrata deste ano e o envolvimento é maior", diz Nadia Hussain, delegada muçulmana do Partido Democrata.

De acordo com as estatísticas mais recentes, a população muçulmana está bem economicamente e em nível educacional, o que contribui com sua tendência em manter Obama na presidência, apesar do presidente não ter cumprido algumas das promessas feitas ao grupo. A prisão de Guantánamo não foi fechada e algumas das cláusulas da Lei Patriota mais controversas entre os muçulmanos foram aprovadas pelo presidente americano.

Judeus
Embora também uma pequena minoria da população americana (2%), os judeus têm grande poder de influenciar a política dos Estados Unidos, com um lobby forte e bem financiado. Os democratas, tradicionalmente, podem contar com a maioria dos votos da comunidade judia, mas, nesta eleição, uma queda mesmo que pequena, pode significar a derrota de Obama.

Tal queda pode ocorrer, em parte, devido à plataforma apresentada pelo Partido Democrata na convenção em Charlotte que causou o descontentamento dos judeus americanos por não ter originalmente se referido, pela primeira vez em 40 anos, a Jerusalém como a capital de Israel.

Uma perda de 10% do voto judeu pode significar cerca de menos 83 mil votos para os democratas na Flórida, estado que garantiu a eleição de George W. Bush, em 2000, com pouco mais de 500 votos de vantagem do republicano sobre Al Gore.

Segundo uma pesquisa realizada pela Gallup em agosto, 68% da comunidade judia apoia o atual presidente americano. Em 2008, Barack Obama contou com 78% dos votos dessa minoria.

Fonte: Especial para Terra
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